Generosidade do governo já passa dos R$ 127 bilhões.
Empresários do comércio não conseguem refinanciar dívidas
O presidente em exercício, Michel Temer, assumiu o cargo prometendo austeridade. Mas nos últimos dias o governo federal aumentou gastos e abriu mão de impostos. E a soma dessas ações passa dos R$ 127 bilhões.
Aproveitando a onda de bondades do governo, os empresários do comércio também chegaram ao Planalto de pires na mão. Pediram ao presidente em exercício, Michel Temer, um refinanciamento de suas dívidas. Saíram de mão abanando, apenas convidados a voltar mais vezes. Não tiveram a mesma sorte de governadores, servidores e beneficiários do Bolsa Família.
Generosidade que passa dos R$ 127 bilhões: R$ 67,8 bilhões do reajuste para os servidores da ativa e aposentados até 2018; R$ 50 bilhões da renegociação da dívida dos estados; R$ 4,8 bilhões com reajuste do Bolsa Família até 2017; R$ 2,9 bilhões de ajuda ao Rio de Janeiro, em estado de calamidade; R$ 1,7 bilhão de renúncia fiscal com a ampliação do Supersimples em um ano.
O economista, ex-diretor do Banco Central, diz que há incoerência entre o discurso de ajuste e o aumento de gastos.
“Ao mesmo tempo que o governo sinaliza para frente num longo prazo com reforma da Previdência, com teto de gastos primários, mas num curto prazo, no imediato, são todas medidas, sem entrar em juízo de valor, são medidas que aumentam os gastos, aumentam o déficit”, diz Carlos Eduardo de Freitas.
Contradição que os ministros da área econômica estão tendo que explicar.
O do Planejamento saiu em defesa dos servidores, dizendo que eles não podem pagar sozinhos pelo ajuste fiscal.
“O reajuste de 2016, por exemplo, já foi atrasado de janeiro para agosto. Entendo que isso já é uma contribuição dos servidores públicos no esforço de ajuste fiscal no país”, afirmou Dyogo Oliveira.
O da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que está tudo dentro do previsto no orçamento e da nova meta de déficit fiscal.
“Estando no teto está consistente com o programa de ajuste fiscal, que já é um programa fortíssimo. Não devemos subestimar isso. Na medida em que todos os itens de despesa pública estarão enquadrados, independentemente da aprovação de determinados aumentos, desde que não sejam completamente incompatíveis, que levem ao estouro do teto. Então, isto é o que de fato vai dar à sociedade um sinal de que o ajuste fiscal está sendo feito”.
O governo de Michel Temer não esconde que precisa consolidar sua base de apoio no Congresso, até porque depende dele para aprovar medidas econômicas, sem contar que ainda falta a conclusão do processo de impeachment.
Ao mesmo tempo, tem que sinalizar concretamente ao mercado que vai apertar o cinto e botar ordem nas contas públicas. Enquanto pensa na meta fiscal para 2017, o desafio é achar fontes de recursos e fechar torneiras de desperdícios e falcatruas.
O ministro do Planejamento disse que uma delas está no auxílio-doença, que custa R$ 23 bilhões ao ano e vai passar por um pente fino.
Meta de inflação
O Conselho Monetário Nacional anunciou nesta quinta-feira (30) a meta de inflação de 2018. Ela vai continuar em 4,5%, como tem acontecido desde 2005.
O que muda já a partir de 2017 é a tolerância, que cai de dois pontos percentuais para um ponto e meio.
Isso quer dizer que, no trabalho de combate à inflação, o Banco Central pode aceitar que a alta média dos preços chegue no máximo a 6%.
Veículo: Jornal Nacional