Inverno mais frio aquece as vendas do varejo

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Cresce consumo de aquecedores, edredons, casacos e vinhos. Comércio vê alívio na crise

 
O outono e o inverno mais frios deram um refresco ao comércio, com alta nas vendas de agasalhos e edredons A queda brusca de temperatura do início deste mês está esquentando as vendas do varejo. Com a ausência de calefação nas casas, os aquecedores têm sido dos itens mais procurados em cidades onde as temperatura estão mais baixas, como em São Paulo. Blusas, casacos e pijamas, cobertores e edredons também são muito procurados. Nos supermercados, queijos e vinhos, produtos típicos da estação, ganharam mais espaço nos carrinhos.
 
Augusto Monteiro, dono de um comércio de roupas na Pompeia, Zona Oeste de São Paulo, conta que teve de pedir pijamas de flanelas às pressas para atender a demanda que cresceu 60% em junho frente a maio.
 
— Fazia tempo que o cliente não abria a carteira com tanta facilidade — diz Monteiro.
 
De acordo com Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), os lojistas de vestuário estão conseguindo se beneficiar com a chegada do inverno:
 
—As coleções da estação representam cerca de 30% do total de itens nas lojas nesta época e têm maior valor agregado.
 
Nas lojas on-line da Via Varejo — dona das redes Ponto Frio e Casas Bahia — as vendas de aquecedores cresceram 150% nas duas primeiras semanas de junho ante o mesmo período do ano passado. No portal do Extra, do Grupo Pão de Açúcar, a alta chegou a de 500% no mesmo período, dizem as empresas. No WalMart, a venda de aquecedores saltou 50% na segunda semana de junho frente a primeira.
 
Ainda na varejista americana, a venda de edredons subiu 40% na segunda semana de junho. Já no site que compara preços Zoom, a procura por cobertores aumentou 58%. O segmento de alimentos também está se beneficiando.
 
Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), as vendas de vinhos, queijos, carnes, massas, sopas, chás e chocolate devem crescer 10%. A projeção é a de que as sopas terão um crescimento mais expressivo, atingindo alta de até 20%. Já a comercialização de chás deve crescer 7%.
 
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) também enxerga um empurrão do frio na ampliação de 2,1% nas vendas a prazo na capital paulista em junho, sobre o mesmo período de 2015, com o aumento das vendas parceladas de aquecedores, chuveiros e torneiras elétricas.
 
— Esse saldo positivo é pontual e não sinaliza melhora estrutural do varejo: a tendência ainda é de queda, por fatores que têm se agravado, como o desemprego em alta e o retorno da massa salarial a patamares de três anos atrás — diz Alencar Burti, presidente da ACSP.
 
NO RIO, ROUPAS DE FRIO EM ALTA
 
No Rio, lojistas na Saara, principal polo de comércio popular da cidade, também já perceberam o efeito da baixa temperatura nas vendas.
 
— Aumentou a procura por agasalhos e outros acessórios, como gorros, cachecóis e calçados — afirma Toni Haddad, presidente do Pólo Saara.
 
O comerciante Kamal Kalaoun diz que começou a perceber a tendência no início de junho, quando o frio aumentou. Ele aposta na baixa tolerância do carioca ao frio para aumentar as vendas.
 
— O cliente está procurando tudo que aquece um pouco, como casaco, jaqueta, luva, gorro. O frio mexe com o carioca, é um povo sensível ao frio — afirma Kalaoun, cujas peças custam de R$ 10 a R$ 99.
 
Segundo o empresário, o frio alterou a rotina na loja. Desde que os termômetros no Rio começaram a baixar, ficar de olho na previsão meteorológica passou a fazer parte da estratégia.
 
A expectativa é que, se o frio continuar, seja possível comepnsar parte do prejuízo.
 
— Acredito que vamos recuperar o que foi perdido. Se tiver mais 20 dias de frio, o comerciante repõe boa parte do prejuízo que teve desde o início do ano — afirma Kalaoun.
 
Mas especialistas em varejo afirmam que esse pico de vendas do inverno não vai ser suficiente para salvar o ano do comércio.
 
— Não é que o consumidor abriu a carteira e se mostrou propenso a gastar. Ele foi obrigado, houve uma mudança dramática da condição climática que o fez gastar mais — disse Claudio Felisoni, professor de economia da USP e presidente do Programa de Administração de Varejo (Provar) da FIA.
 
Veículo: Jornal O Globo


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