Alta nas exportações e morte de abelhas estão entre as causas do aumento.
No Brasil, valor subiu entre 40% e 50% nos últimos 12 meses, diz Abemel.
O preço do mel aumentou entre 40% e 50% no último ano no país, segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), e moradores de Rio Claro (SP) estão sentindo a alta.
Em uma loja de produtos naturais da cidade, o preço subiu 15% somente em 2016.
"É difícil, tudo aumentou, inclusive o mel e a gente tem que repassar, não tem como porque subiu a conta. Não tem como a gente não repassar para o cliente", afirmou a empresária Paula Sartori.
Exportações
Um dos fatores para o aumento é o crescimento das vendas para o mercado externo. Com as exportações, há menos oferta no país e os preços sobem.
"Antes, o exportador que vendia o litro de mel, por exemplo, a US$ 10 lá fora recebia R$ 25. Hoje, mandando o mesmo litro de mel para o exterior, ele recebe R$ 35. Então ele se anima a exportar mais. Você tem uma redução de mel disponibilizado no mercado interno, naturalmente o mercado se ajusta aumentando o preço", explicou o economista Israel de Souza.
Abelhas
O aumento também é consequência de outro problema. A produção caiu porque muitas abelhas da região estão morrendo. A suspeita é de que o agrotóxico usado nas lavouras esteja provocando o fenômeno e isso ocorre desde janeiro, quando começou a pulverização por aviões.
"Antes era feito com trator, agora estão terceirizando. Quando faz essa pulverização aérea, o vapor do veneno do agrotóxico não fica só na cana, ele avança um pouco conforme a mudança do vento. E, se há caixa de abelhas nessa área, ele mata todas as abelhas", afirmou o apicultor Carlos Fernando Celano.
As abelhas também estão morrendo por causa do inverno. Nessa época, as flores produzem menos néctar, que elas usam para se alimentar.
Uma das saídas para tentar evitar perdas é fazer um xarope que mistura água, açúcar e mel para elas consumirem. Mas não é uma tarefa fácil. "Dá um trabalho porque a gente praticamente não faz pouco, quando você faz tem que fazer bastante. Caixa por caixa, abrindo e fechando", disse Celano.
Diminuir o consumo
Sem previsão de diminuição nos preços, os consumidores estão controlando o consumo ou mudando a lista de compras.
"Deu uma subida no preço. Às vezes, tem que dar uma economizada em outra coisa para não poder deixar de usar o mel, principalmente pelas características dele", contou o educador físico Felipe Morgato, que consome o produto quase todo dia e o recomenda para quem pratica atividade física.
A passadeira de roupas Maria de Lurdes das Graças também está se adaptando. Na casa dela, o mel sempre foi combinado com pão, iogurte, aveia e banana. Mas, com o preço alto, o consumo diminuiu. "Eu vou colocar o pé no freio um pouco. Vou continuar consumindo, mas menos", disse.
Vaículo: Portal G1