Preço do leite sobe mais que 20% na Bahia

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O aumento de preço dos alimentos, tem se tornado cada vez mais preocupante



Ir ao supermercado para fazer as compras diárias já não é uma obrigação prazerosa para muitos consumidores. Mas, com o aumento de preço dos alimentos, tem se tornado cada vez mais preocupante. Após o aumento exorbitante do feijão, agora é a vez dos laticínios se tornarem os vilões das prateleiras. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Leite do Estado da Bahia (Sindileite Bahia), o aumento, em relação ao ano passado, varia de 22% a 25%.  

Dessa forma, o produto em sua forma líquida é apenas um dos alimentos afetados pela alta: leite em pó, queijos, manteigas, iogurtes, e outros derivados também estão mais caros. E como nem sempre a conta fecha, resta aos consumidores readequar o orçamento retirando alguns produtos para poder continuar a comprar os laticínios na mesma quantidade.

Este é o caso da engenheira de produção Jussara Oliveira, que optou por retirar outros alimentos do carrinho para ficar com aqueles dos quais ela utiliza quase diariamente. “Eu gosto muito de comer doces, bolachas, besteiras, só que agora tenho que escolher entre o que eu consumo todo dia, e as besteiras que a gente compra quando sobra uma ‘merreca’. Não dá mais para ter as duas coisas”, observou.

Quem chega aos supermercados, pode notar que o litro do leite varia de R$ 3,90 a R$ 4,04. Nos armazéns – os famosos “mercadinhos” de bairro –, o valor pode chegar aos R$ 5. O peso de leite em pó é vendido por R$ 15,88 chegando até R$ 31,20, a depender da marca.  Uma lata de 400g do Leite Ninho, por exemplo, dificilmente sairá por menos de R$ 10 nos estabelecimentos.

A alta também se reflete nos derivados: o quilo da manteiga está variando R$ 33 a R$ 38, o que significa que aquele pote de 200g tão comuns no café da manhã, ou mesmo na janta, não sai por menos de R$ 7 na maior parte dos mercados. O mesmo se aplica aos queijos prato (onde o preço do kg circula entre os R$ 40 e R$ 48), e o mussarela (que pode chegar aos R$ 54).

Sindicato afirma que a seca intensa provocou a elevação do custo da produção


Segundo o presidente do Sindileite Bahia, Lutz Viana, a variação no preço dos laticínios no estado foi motivada pelo período de seca intensa – provocada pelo fenômeno climático do El Niño – que atingiu as regiões produtoras do alimento, no sul, extremo sul, sudoeste e o semiárido baiano.    

 “Esse período de seca levou muito prejuízo aos produtores. Os custos de produção subiram em mais de 30%. Com a seca, não se tem pastagem, e assim, é preciso comprar um volume maior de ração para as vacas produtoras de leite”, explica Viana. Com um gasto maior, o preço inevitavelmente é repassado ao consumidor final.

 “Se o preço não é repassado ao consumidor, isso leva a um desabastecimento, pois os produtores não conseguem trabalhar no vermelho”, observou o presidente do Sindileite. A Bahia possui aproximadamente 40 mil produtores de leite, e 87 indústrias filiadas ao sindicato atualmente.

 Neste período de dificuldades, a indústria também tem feito sua parte para que os produtores não deixem o ramo, o que poderia agravar a situação. “Com a valorização do produto nos supermercados, as fábricas têm repassado uma alta para os produtores. Uma forma de levantar a estima e dar mais ânimo aos produtores”, explica o presidente do Sindileite.
 
MELHORA

A esperança, segundo aponta Lutz Viana, está na melhora do clima, a partir de outubro. “Estamos sempre nos atualizando em relação a climatologia, e os órgãos responsáveis por fazerem as previsões nos informaram que o El Niño já está perdendo força, dando lugar a outro fenômeno, La Niña, que, provocaria um tipo de reversão no clima. Ou seja, os locais que menos receberam chuvas na última safra, serão agora os mais contemplados”.

Dessa forma, o atual aumento de preço tende a ser algo momentâneo, podendo sofrer queda, a partir da próxima safra, em outubro. “Acredito que não chegarão a ficar tão barato quanto antes, até porque os preços antigos desestimulavam os produtores, mas se achará um meio termo entre um valor que agrade a quem produz e que também possa satisfazer também o consumidor”.
 
SUBSTITUTOS
Em tempos de alta nos laticínios, outra sugestão para quem pretende abdicar dos laticínios, pode vir em outros alimentos que possuem os mesmos nutrientes, ou trazem os mesmos benefícios ao organismo. De acordo com a nutricionista Amália Magalhães, o leite e seus derivados podem ser substituídos por alimentos como tofu, brócolis, sardinha, espinafre, linhaça, grão de bico e soja.

“O tofu pode ser usado nas saladas, a sardinha pode ser assada ou grelhada, e o espinafre e brócolis podem ser preparados no vapor, quando cozinha diminui 70% da quantidade do cálcio. Tem também o grão de bico em saladas, linhaça e soja para consumir nas saladas também ou fazer uso do leite deles”, explica Amália.

Segundo a nutricionista, todos esses produtos possuem cálcio, que também encontramos nos laticínios, e que é responsável pela preocupação da população em utilizar o leite e seus derivados.

“A quantidade desse nutriente varia em cada alimento apresentado para substituição. Outra coisa que influencia é a forma de preparo para que esse nutriente não acabe se perdendo na cocção. Todos eles também devem ser utilizados de forma equilibrada, sempre respeitando a pirâmide alimentar”, alertou.


Veículo: Tribuna da Bahia


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