O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) mostra que, além de distorções salariais entre carreiras e Poderes da República, há diferenças também em relação à remuneração de homens e mulheres. Enquanto no Executivo e no Ministério Público da União (MPU) a média paga ao sexo feminino é menor do que a dos colegas — R$ 7.656,60 e R$ 9.649,53, respectivamente, em comparação aos R$ 8.486,71 e R$ 9.719,36, dos homens —, no Legislativo e no Judiciário, elas ganham mais — R$ 16.752,67 e R$ 10.455, ante R$ 15.495,22 e R$ 10.453,16 deles.
O especialista em finanças públicas José Matias-Pereira, professor da Universidade de Brasília (UnB), ressaltou que no Executivo o número de mulheres em funções de chefia é menor do que o de homens. O mesmo ocorre no MPU e isso influencia o valor médio das remunerações. Ele explicou que no Legislativo o número de servidoras é menor, o que eleva o salário médio das trabalhadores do sexo feminino.
Já no Judiciário, o número de empregados por gênero é praticamente semelhante e o valor do médio pago a mais no contracheque é de apenas R$ 1,84. “As diferenças salariais existem, mas em menor proporção do que no setor privado. Não há diferença entre o salário inicial de homens e mulheres. O que pode ocorrer são discrepâncias no processo de promoção”, detalhou.
Para a economista Margarida Gutierrez, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o preconceito não deixou de existir, apesar de as mulheres terem conquistado seu espaço no mercado de trabalho. Ela ressaltou que, mesmo com os avanços dos últimos anos, o número de mulheres em cargos de destaque na administração pública federal é infinitamente menor do que o de homens. “Não temos uma ministra no Executivo”, destacou.
Veículo: Correio Braziliense