No país do desemprego, quem consegue encontrar uma oportunidade corre o risco de perder a chance por um motivo que simplesmente não deveria existir: a demora para obter a Carteira de Trabalho. Desde 3 de junho, o sistema que emite o documento está opera com falhas. O Ministério do Trabalho e Previdência Social informa que está realizando mudanças para tornar o documento mais seguro contra fraudes. Enquanto o processo não é concluído, porém, muitos trabalhadores se veem prejudicados.
Desempregada há oito meses, Hélvia Medeiros, 39 anos, conseguiu uma vaga de auxiliar de serviços gerais e precisou esperar duas semanas para conseguir a segunda via do documento, roubado durante um assalto. “Eu tive que explicar toda a situação para a empresa que me contratou, torcendo para não ficar novamente sem emprego. Essa demora para emitir o documento é um total descaso”, desabafou.
No Distrito Federal, que tem 299 mil pessoas sem emprego, segundo a Codeplan, a Secretaria de Trabalho, que faz parte da rede de órgãos públicos autorizada a emitir as carteiras, informou que o serviço deve ser normalizado nesta semana, mas as reclamações não param. O estudante Felipe Silveira, 16 anos, precisa do documento porque conseguiu uma vaga de menor aprendiz. No entanto, ele está com medo de perder o posto por causa da demora. “A seleção foi muito disputada, seria uma injustiça perder a vaga por causa das falhas do governo”, disse.
O analista de sistemas Wellington Figueiredo, 37, trabalhou por 10 anos em uma construtora que, com a crise, teve que reduzir o quadro de funcionários. Wellington, que perdeu a Carteira de Trabalho durante uma viagem, aguarda há quase três semanas para receber a segunda via para dar baixa e receber o seguro-desemprego. “Além da preocupação de entrar na batalha para conseguir um novo emprego, ainda tenho que esperar para receber meus direitos. É um teste de paciência esperar algo do governo”, analisou.
Veículo: Correio Braziliense