Criado no Brasil para se aproximar dos consumidores de baixa renda, o programa de venda porta a porta da Nestlé está sendo ampliado para novas regiões do País e se tornou uma referência internacional dentro da companhia francesa.
Iniciado em 2006 em São Paulo, o "Nestlé até você" é voltado para pequenas cidades e periferias metropolitanas de difícil acesso, onde vendedoras locais apresentam os produtos nas residências, ligadas a uma rede de microdistribuidores licenciados regionalmente. Hoje ultrapassa 6 mil revendedoras e 140 microdistribuidores espalhados por todo o Sudeste e região Sul.
Crescendo em uma velocidade duas vezes maior que as vendas totais da Nestlé - que chegaram a R$ 13,5 bilhões em 2008 -, o faturamento com o "Nestlé até você" alcançou R$ 1 bilhão no ano passado. Para 2009, a perspectiva da empresa é chegar a 9 mil revendedoras e 240 pontos de distribuição.
"Nossa meta é que a companhia cresça o dobro do PIB neste ano, sendo que o setor de baixa renda deve crescer o dobro da companhia", disse o presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, durante visita a uma casa de distribuição em Guarulhos, zona metropolitana de São Paulo. "É claro que a crise e o desemprego afetam o consumo, mas este segmento vai ganhar cada vez mais participação na empresa."
O próximo passo é expandir o projeto no Nordeste - região onde as vendas da Nestlé crescem ao dobro da velocidade do resto do País e onde a fábrica local, inaugurada há dois anos em Feira de Santana (BA), trabalha a 100% e já está sendo ampliada. Os primeiros pontos de distribuição foram instalados no início do ano no Pernambuco e Ceará.
Até regiões como Estados Unidos e Leste Europeu podem ganhar versões do modelo brasileiro que barateia os produtos e facilita o acesso aos clientes. Foi para conhecer e expandir o programa que o vice-presidente do grupo responsável pelas Américas, Luis Cantarell, desembarcou esta semana no Brasil. "Não temos hoje um programa como o daqui, mas já desenvolvemos projetos semelhantes na Ucrânia, Rússia e queremos levá-lo para outros países além do Brasil", disse. "Minha ambição é que mesmo na Europa se faça algo semelhante."
O modelo também deve ganhar sua versão nos Estados Unidos, voltada para os cerca de 40 mil hispânicos que vivem no sul do país. Ao longo do último ano, já foi reproduzido no Equador, Venezuela e Colômbia, regiões onde Cantarell irá expandi-los.O projeto comercializa kits com preços entre R$ 20 e R$ 35. O preço final é mais caro que em um hipermercado - o pacote com 40 iogurtes no porta a porta sai por R$ 35 e em algumas redes fica por aproximadamente R$ 30 -, mas é voltado para regiões periféricas que não têm acesso às grandes redes varejistas, com renda familiar estimada, em média, em US$ 500 mensais.
Além disso, produtos de custo menor foram desenvolvidos, como barras de cereais menores e embalagens mais simples para biscoitos, caixas de bombons e leite em pó.
Veículo: Gazeta Mercantil