Aparelhos de tubo e alguns de tela plana, que não possuem conversor interno, ficarão sem utilidade daqui a um ano na Região Metropolitana do Recife
A televisão aberta está entrando numa nova fase na Região Metropolitana do Recife (RMR). Até 26 de julho de 2017, o sinal de TV dos municípios do Recife, Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão do Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista e São Lourenço da Mata deverá ser exclusivamente digital. O modo analógico será extinto na região. Para os telespectadores, é preciso atenção. Os aparelhos de tubo e alguns de tela plana não têm conversor interno para continuar recebendo a transmissão após a transição. Para quem possui um deles em casa é bom se programar para comprar um conversor externo, ou set top box. Eles são vendidos nas lojas de eletrônicos e custam em média R$ 150. Todos os televisores comercializados a partir de 2010 já vêm com o sistema integrado.
Para quem tem dúvidas, é possível ver se o aparelho está preparado ao observar na própria TV, caixa ou manual a indicação “DTV”. Mas, mesmo as TVs preparadas para a conversão precisam de uma antena externa UHF para pegar o sinal com qualidade. O custo de uma instalação no Recife fica entre R$ 50 e R$ 80. Para quem tem TV a Cabo e um televisor com conversor digital integrado não será preciso alterações. Se você não faz a mínima ideia sobre qual transmissão tem em casa, de hoje até 26 de julho de 2017, os telespectadores da RMR passarão a ver durante a programação a letra “A”. Este símbolo indica que o sinal da TV é analógico. Com a proximidade do prazo para a migração, a letra aparecerá com maior frequência até ficar fixa na tela. No dia 26, o sinal será desligado.
Antonio Carlos Martelleto, diretor da Seja Digital, entidade vinculada ao governo federal responsável por operacionalizar a migração do sinal de TV aberta no Brasil, afirma que o processo representa um avanço tecnológico para o país, pois nos coloca no mesmo patamar de transmissão televisiva de países como Estados Unidos e Reino Unido. “O sinal digital possui qualidade muito superior de imagem e de som. Outra questão fundamental são os recursos interativos. Por meio deles, o telespectador pode ter acesso a conteúdos adicionais como bastidores, galerias de imagens, ofertas de produtos relacionados, previsão do tempo e notícias em texto”, detalha.
Segundo Martelleto, a mudança é causada pela venda da faixa 700 MHZ, realizada em um leilão organizado pelo governo federal em 2014, para a ampliação do sinal 4G no Brasil. A 700MHZ é atualmente usada para o sinal analógico. “Teremos dois avanços simultâneos porque a transição melhorará o sinal da TV aberta e ainda permitirá maior alcance e qualidade na conexão 4G”, completa. Ainda de acordo com o diretor, famílias que recebem algum tipo de benefício, como o Bolsa Família, por exemplo, terão direito a um kit conversor de forma gratuita. “Iremos distribuir 600 mil kits apenas na RMR.”
Para Jacques Barcia, consultor de tendências do Porto Digital, a conversão numa região metropolitana será descomplicada e só trará benefícios, mas quando o sinal for desligado no resto do estado, as famílias de baixa renda da zona rural precisarão de assistência para os kits também. “Para quem está na capital, R$ 150 é um valor possível. Mas imagine que é necessário um conversor por aparelho de TV, então numa casa lá do interior, que tem mais de uma TV de tubo. O valor já é alto e poderá chegar a bem mais”, alerta. Apesar disso, ele reconhece que a tecnologia é favorável tanto para a TV aberta quanto para as operadores de telefonia, que terão maior qualidade e alcance no sinal 4G.
Veículo: Jornal Diário de Pernambuco