Empresas multinacionais já veem crise brasileira mais perto do fim

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Apple, Philip Morris, Coca-Cola e Shell são algumas das que apostam na melhora brasileira ou já notam sinais positivos


As multinacionais que atuam no Brasil começam a desenhar um cenário menos pessimista para o país. As queixas sobre economia fraca, aperto no crédito, inflação e câmbio, até pouco tempo constantes, começam a ceder espaço para os primeiros brotos de otimismo.

Levantamento feito a partir de teleconferências com analistas de cem multinacionais com operações no Brasil registrou comentários positivos por parte dos executivos em 52% dos casos. Pesquisa similar no início de 2015 mostrava que, na época, apenas 22% das empresas viam boas oportunidades no país.

Surgem agora demonstrações de confiança em uma possível retomada, registros de altas nas vendas, benefícios derivados da maior previsibilidade no câmbio e a esperança de que o fundo do poço está mais próximo.

Companhias como Apple, Philip Morris, Coca-Cola e Shell são algumas das que apostam na melhora brasileira ou já notam sinais positivos (as vendas de iPhone cresceram ao menos 10% no segundo trimestre), segundo o levantamento que analisou empresas com receitas somadas de US$ 2,7 trilhões -maior que o PIB britânico, o quinto maior do mundo.

“Ainda muito longe, como uma luz no fim do túnel, temos sinais de que a produção industrial pode melhorar. É a primeira vez em muito tempo que temos essa indicação no Brasil”, diz Michael Barry, presidente da indústria química Quaker Chemical.

A melhora também é sentida em alguns indicadores da economia, como a confiança da indústria e dos consumidores, que vêm melhorando, mas ainda estão em um patamar baixo. A previsão de analistas para a contração do PIB neste ano também perdeu força, mas ainda é de queda acentuada: 3,3%.

Os executivos de algumas empresas fizeram referência explícita à mudança de governo, com o afastamento de Dilma Rousseff e a entrada de Michel Temer. “Existe um impulso positivo no país com a transição do comando e com o retorno que recebemos de nossos clientes e revendedores”, diz Ronald E. Armstrong, presidente da empresa de caminhões Paccar.

Para Matthew J. White, diretor da multinacional de gases industriais Praxair, a situação política possibilitou melhoria nos mercados financeiros e no câmbio.

Jim Herbert, presidente da empresa de segurança alimentar Neogen, que em abril comprou o laboratório Deoxi no Brasil, projeta crescimento de suas operações no país no próximo ano e ressalta que o real desvalorizado oferece oportunidades de aquisições baratas de empresas.

“Acho que é um daqueles casos em que precisava haver um bode expiatório —e havia a presidente.”

Para consumo, retomada não deve vir este ano

Uma das grandes vítimas da crise atual, o mercado de consumo ainda não entrou no clima esperançoso. Na Whirlpool, que tem marcas como a Brastemp e a Consul, a visão é a de que a confiança ainda é baixa e a retomada não deve vir já neste ano.

Na mesma linha, a Electrolux diz esperar que a demanda ainda vai se deteriorar antes de se estabilizar.

Dona de marcas como Halls e Bis, a Mondelez afirma ter sido impactada pelas promoções comerciais agressivas, estratégia usada no varejo para atrair o consumidor retraído.

Veículo: Portal Eletrolar


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