Diretor da empresa no Brasil diz acreditar que a situação é favorável ao Brasil, que detém quase metade da oferta global
O mercado global de açúcar deve manter uma situação de déficit de oferta pelo menos até o início de 2018, uma condição favorável para a indústria brasileira. A avaliação foi feita, nesta segunda-feira (8/8), por Jacyr Costa Filho, diretor da região Brasil da Tereos, empresa que controla a Açúcar Guarani.
Durante o 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo (SP), Costa Filho lembrou que o Brasil detém quase metade do mercado global da commodity. Destacou também que os preços no mercado internacional tiveram forte valorização, saindo de US$ 0,10 para US$ 0,20 por libra-peso na bolsa de Nova York, o que estimulou a produção por parte da indústria brasileira, que exporta mais de 70% do volume de açúcar.
De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar, a parcela de matéria-prima usada na produção açucareira na safra 2016/2017, iniciada em primeiro de abril deste ano, chegou a 44,21% até o dia 15 de julho. Na mesma época na safra 2015/2016, essa proporção era de 40,17%. O direcionamento da cana para o etanol caiu de 59,83% para 55,79% na mesma comparação.
“O mercado de etanol está relativamente abastecido e acreditamos que não haverá grande problema de abastecimento e que a gente conseguira satisfazer a demanda mundial de açúcar e a demanda doméstica por etanol”, afirmou.
Embora tenha ressaltado que o açúcar está rentável, Jacyr Costa Filho ponderou, no entanto, que a situação mais favorável para a exportação brasileira da commodity seria um preço em dólar até um pouco menor, mas com um câmbio mais valorizado. “Não atrai competição lá fora”, disse o executivo, sem pontuar quais seriam o preço e a taxa de câmbio mais atrativos.
Safra mais curta
O diretor da Região Brasil da Tereos destacou que chuvas ocorridas no mês de junho sobre regiões produtoras do Brasil afetaram a qualidade da cana, diminuindo o porcentual de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) da cana. Em compensação, isso deve favorecer a cana de final de safra, que, de um modo geral, tem produtividade menor do que a média.
Jacyr Costa Filho disse ainda acreditar que a safra será mais curta que a anterior, diminuindo a pressão sobre os custos do setor. “Com o fim da colheita manual, os custo fixos aumentaram bastante. Você tem uma parcela grande de custos fixos e redução de custos variáveis. Isso faz com que a utilização efetiva do capital reduza custos”, afirmou.
Na safra 2016/2017, a Tereos deve processar 20,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
Fonte: Globo Rural