Nordeste dá a largada à safra de cana 2016/2017 em clima de recuperação

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Usinas dos dois estados mais relevantes da região para o setor, Pernambuco e Alagoas, devem obter aumentos respectivos de 26,9% e 12,6% em produção, segundo levantamento da Conab


São Paulo - A partir de hoje, está oficialmente aberto o ciclo 2016/ 2017 de cana-de-açúcar no Nordeste. Tendo o clima como aliado, a promessa é de condições melhores que as vistas na temporada passada e oportunidades de investimento.

"Na Região Nordeste há a expectativa de recuperação do potencial produtivo das lavouras, em face das más condições climáticas da safra anterior e baixa tecnologia empregada nas lavouras dos fornecedores", informou, ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Relatório da entidade apontou que, mesmo responsável por uma parcela menor da produção nacional, aproximadamente 8%, o polo Norte-Nordeste teve um incremento de 7,2% em produtividade, na variação anual. Com isso, o processamento deve atingir 52,85 milhões de toneladas de cana neste ciclo, ganho de 8,3% contra a temporada 2015/2016.

Produtividade, de fato, foi a chave do negócio, pois a área plantada variou apenas 1% no período. No centro-sul, onde os canaviais cresceram 4% em plantio, o resultado de moagem avançará meros 2,5%.

Para o Brasil como um todo, a Conab reduziu as estimativas, de 690,98 milhões de toneladas na prévia divulgada em abril, para 684,77 milhões de toneladas, porém, 2,9% superior ao ciclo passado.

Visões específicas

Com um olhar ainda mais otimista, também apoiado em condições climáticas favoráveis, o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, projeta uma moagem de 53,5 milhões de toneladas para as usinas nordestinas. Caso a perspectiva se consolide, trata-se de um desempenho 9,24% acima das 48,98 milhões de toneladas esmagadas em 2015/2016.

A retomada das chuvas tende a dar fôlego ao rendimento industrial e, em consequência, o nível de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) passaria de 124,09 quilos para 127 quilos.

Por outro lado, em uma visão conservadora, o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool no Estado do Paraíba (Sindalcool), Edmundo Coelho Barbosa, disse ao DCI que havia uma expectativa inicial de que a produção da região caminhasse 15% neste ciclo. "Agora acreditamos que a safra será igual a anterior, apesar dos ganhos de produtividade", comenta.

Barbosa é um dos anfitriões do evento oficial que marca o início da temporada de cana, hoje, em João Pessoa (PB). Um dos gargalos em pauta nas discussões é o endividamento da cadeia que, a nível nacional, cresceu 15%, algo considerado "insustentável". O cenário de preços atrativos para os subprodutos da cana, açúcar e etanol, abre precedentes para que os usineiros encontrem estratégias e sugiram políticas públicas capazes de reduzir a inadimplência.

Questionado sobre a incidência de dívidas, o especialista da Datagro acredita que é possível equacioná-las para que o problema seja gradualmente solucionado e revertido em novos investimentos.

"Observamos que o Nordeste pode se posicionar como uma plataforma de exportação de produtos alimentícios especializados. A localização geográfica permite que os fretes nos portos sejam mais baixos", ressalta Nastari. Para ele, esta é uma oportunidade para que a região se consolide, visto que são altos os direcionamentos de matéria-prima para o processamento de açúcar.

A proximidade entre as usinas e os centros de cargas favorece o desenvolvimento da cogeração de energia elétrica.

"São investimentos que têm maturação relativamente rápida. A bioeletricidade tem condição de oferecer aumento de oferta mais rápido. Numa retomada de crescimento econômico, volta a expansão de eletricidade", completa Nastari.

Atualmente, 354 usinas estão ativas no País, sendo 64 no Norte-Nordeste. Neste ano, a capacidade industrial deve permanecer estável.

Estados relevantes

Segundo a Conab, Alagoas e Pernambuco, os dois maiores produtores nordestinos, terão avanços respectivos de 12,6% e 26,9% nesta temporada. A Paraíba, terceira no ranking, crescerá 9,9%. "Espera-se melhoria de produtividade motivada pelas chuvas que ocorreram de dezembro até os dias atuais, condição climática favorável à cultura", conclui a entidade.

Fonte: DCI


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