Inadimplência dos produtores causada por problemas climáticos ainda está em questão e nível de aquisição de fertilizantes, sementes e agroquímicos para o plantio de 2016/2017 segue menor
São Paulo - Embora estimativas preliminares indiquem ligeiras elevações na área de plantio de arroz nesta safra, a lentidão no ritmo de compra de insumos da cultura no principal estado produtor, o Rio Grande do Sul, abre margem para duas possibilidades: rizicultores deixarão a atividade ou partirão para o cultivo de grãos.
A avaliação é do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles, que tem acompanhado os processos junto à cadeia de fornecedores.
As aquisições de fertilizantes para o plantio da cultura no verão estão cerca de 40% abaixo dos níveis registrados no mesmo período do ano passado. Em contrapartida, em soja e milho subiram quase 10% na região. "Os sementeiros venderam apenas 20% do seu histórico [médio], assim como os químicos", acrescenta o executivo.
Em linhas gerais, na perspectiva nacional, as entregas de fertilizantes ao consumidor final avançaram 10,4% no acumulado do ano, até julho, quando comparado aos sete primeiros meses de 2015, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Com as sucessivas baixas do dólar e o avanço das cotações das commodities agrícolas, os produtores de grãos viram preços mais favoráveis nos insumos e anteciparam suas compras desde março.
Na temporada de 2015/ 2016, a rizicultura foi fortemente afetada pelos resquícios do El Niño. Houve quebra de 15,3% na produção, diante do resultado da safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em consequência, muitos produtores não conseguiram honrar com seus compromissos financeiros e a discussão foi parar no Ministério da Agricultura, que permitiu renegociações nas dívidas de crédito rural.
Dornelles ressalta que ainda nesta semana deve haver alguma novidade no cenário, pois na última sexta-feira (2) foi encerrado um prazo para resolução de questões colocadas pelo Banco do Brasil no processo de renegociação.
Contraponto
A primeira estimativa de safra gaúcha da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RS-Ascar), divulgada na semana passada, aponta para uma ligeira variação para cima na área de plantio de arrozeira. "Baixos estoques, dificuldades durante a evolução da safra passada, que resultaram em produção abaixo do esperado, e preços valorizados em relação às médias históricas estimularam os orizicultores, aumentando a área em 0,64%", informou a entidade.
No entanto, a área esperada deverá ficar dentro da média dos últimos anos, ao redor de 1 milhão de hectares.
Espera-se também que o estado alcance 8,35 milhões de toneladas, contra as 7,5 milhões registradas pela Emater em 2015/2016. Isso porque o ciclo atual promete produtividade 8,37% superior, amparada por uma situação climática mais favorável e La Niña.
"O custo de produção é elevado, mas os preços estão compensando. Um saco de arroz [50 quilos] remunera em R$ 50 e você colhe entre 250 e 300 por hectare. Na soja, a remuneração vai a R$ 78 [por saca de 60 quilos], mas você colhe de 45 a 60 por hectare. O arroz continua imbatível em termos de renda", explica o presidente da Federação das Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul (Fearroz), André Barbosa Barretto.
O Indicador Esalq-Senar-RS para arroz opera em R$ 50 por saca há quase dois meses.
Para o estado como um todo, a variação no plantio das culturas de verão é pequena, identificada em 1,66%. A área cultivada chega a 7,463 milhões de hectares, entre arroz, soja, milho e feijão 1ª safra.
Fonte: DCI