O presidente Michel Temer afirmou que irá combater os críticos que acusam o seu governo de querer retirar direitos dos trabalhadores. Em um duro discurso, o peemedebista afirmou, ontem, que irá desmentir versões "que correm pelas ruas" e que é desagradável imaginar que "somos um governo cidadão tão estupidificado, tão idiota que chega ao poder para restringir os direitos dos trabalhadores, para acabar com saúde e para acabar com educação".
Temer pediu ainda que os deputados e senadores de sua base aliada usem as tribunas da Câmara e do Senado para rebater as acusações de que a proposta enviada ao Congresso para estabelecer um teto para os gastos públicos afetará o montante dos recursos destinados à saúde e à educação.
"E eu digo com isso, e peço licença para dizer que isso é inadmissível, porque, quando nós falamos em teto de gastos, estamos falando da totalidade dos gastos. Do teto de gastos públicos. É preciso que tenhamos consciência disso. Os deputados e senadores vão para a tribuna e contestem aqueles que possam eventualmente vilipendiar os fatos", afirmou.
O presidente subiu o tom quando falou sobre o imbróglio causado pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que afirmou, em reunião com sindicalistas, que os trabalhadores poderiam ter uma carga horária de até 12 horas. O presidente rebateu a tese e explicou que a carga horária seria apenas para as categorias que aceitassem em convenção e com dias de folgas estabelecidos.
O presidente ressaltou que as informações correm em velocidade muito maior hoje em dia por causa das redes sociais, que, para ele, "têm poder extraordinário". "Essas vozes todas desconhecem que a responsabilidade fiscal é pressuposto de qualquer sistema público, de saúde e educação. Desconhecem que a proposta do teto não obriga qualquer redução de gastos em saúde e educação. E que a volta do crescimento do País reverberá em financiamento mais abundante para os serviços públicos", disse após citar o programa de concessões lançado nesta terça.
No Congresso Nacional das Relações Empresas-Cliente, em São Paulo, o presidente da rede varejista Riachuelo, Flávio Rocha, disse que o Brasil precisa de propostas de flexibilização das leis trabalhistas. Para o executivo, seria possível gerar mais empregos no Brasil se a legislação permitisse novos tipos de contrato de trabalho, e defendeu que o atendimento nas lojas poderia ser melhor gerido com mudanças trabalhistas.
"O varejo como um todo lida com uma dificuldade grande, algo que está em pauta nesta semana, que é o fato de a legislação trabalhista ser feita sob a lógica industrial, e isso está revelando sua inadequação para o varejo e os serviços", comentou Rocha. Ele considerou que há picos ao longo de um dia no fluxo de clientes nas lojas do varejo, mas que a legislação atual obriga escalas de trabalho que não atendem a essas flutuações.
A mudança da legislação trabalhista é uma das bandeiras do grupo de grandes redes de varejo representadas pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Em outras ocasiões, a entidade já defendeu a implementação de modelos de contratação para jornadas de trabalho mais curtas e temporárias, que atendessem a períodos de demanda mais intensa.
Fonte: Jornal do Comercio de Porto Alegre