Apesar de leve queda em julho, especialistas indicam que a atividade deve voltar a crescer em 2017; para isso, seriam necessários bons projetos de concessões e a aprovação de medidas fiscais
São Paulo - Indicadores apontaram redução de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em julho frente ao mês anterior. Entretanto, especialistas mantiveram a previsão de retomada econômica para 2017.
A análise da Serasa Experian indicou que baixas em agropecuária (-1,5%) e indústria (-1,4%) puxaram a queda do PIB. Por outro lado, o setor de serviços teve leve avanço, de 0,3%, em julho.
Já o levantamento do Itaú Unibanco mostrou recuos em indústria de transformação (-0,1%) e varejo ampliado (-0,5%). Pelo lado positivo, foi registrada alta de 1,6% para a indústria extrativa.
Para Luiz Rabi, economista da Serasa, a leve queda vista em julho sinaliza que a recessão está chegando ao fim. "A retração do terceiro trimestre não deve ser tão forte quanto aquela do segundo trimestre", explicou o entrevistado. Entre abril e junho, o PIB do País caiu 0,6%.
Ele também afirmou que a atividade econômica deve voltar a crescer no ano que vem, depois de ficar estável nos últimos meses de 2016. Para que a retomada aconteça, seguiu Rabi, será necessária a aprovação de medidas fiscais.
"Vai depender da confirmação de algumas reformas do governo, como o teto para gastos públicos e o estabelecimento de uma idade mínima para a previdência", disse.
Anunciadas pelo presidente Michel Temer na última terça-feira, as concessões e privatizações também devem fortalecer o PIB. "Esse pacote terá papel importante para puxar o investimento, mas os projetos precisam ser bem elaborados, para que atraiam o capital privado", ponderou Rabi.
Projeções
O resultado do terceiro trimestre deve ser igual ao de julho, de acordo com a consultoria GO Associados.
"Nossa projeção mostra uma queda marginal de 0,1% para estes três meses, mas com um avanço de 0,7% no investimento", afirmou Luiz Castelli, economista da GO.
Em julho, o indicador da Serasa apontou uma redução de 2,3% na formação bruta de capital fixo (investimento), após aumento de 6,4% em junho.
Para o quarto trimestre, a consultoria calculou avanço de 0,4% no PIB, o que seria a primeira expansão da atividade econômica em dois anos. Com isso, o resultado de 2016 ficaria negativo em 3,2%.
No ano que vem, os dados devem melhorar e a economia deve crescer 1%, segundo a GO. "Vai ser uma recuperação tímida, já que o mercado de trabalho continuará frágil e as famílias e empresas estarão endividadas", explicou Castelli.
Setor externo
Os entrevistados pelo DCI também ressaltaram a importância do setor externo para a economia brasileira.
"É a única área que traz boas notícias. Com as exportações crescendo [em volume] e as importações caindo, a entrada de capital no Brasil é mantida. A recessão seria maior se não contássemos com esse fator", afirmou Rabi.
Em julho, a Serasa indicou alta de 4,9% das vendas para o exterior e queda de 6,9% das compras de outros países. "Esse movimento é favorável para a indústria exportadora, especialmente de celulose, aviação e proteína animal", completou o economista.
Entretanto, a valorização do real deve alterar essa trajetória. Para o terceiro trimestre deste ano, a GO projeta queda das
Fonte: DCI