Preço da banana subiu 41% desde junho e já é o maior vilão do aumento da cesta básica em Porto Alegre

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De junho a setembro, fruta subiu 41% no supermercado. Em setembro, foi o produto que mais influenciou a cesta básica de Porto Alegre a se tornar a mais cara do país


A frase "a preço de banana" pode cair em desuso se o valor da fruta continuar subindo no supermercado. Uma das frutas mais consumidas pelos brasileiros e ótima fonte de vitamina e fibras, ela foi o item da cesta básica que mais aumentou no mês de setembro, com acréscimo de 13,46%, a maior alta entre 13 itens analisados mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O aumento foi o principal responsável por tornar a cesta básica da Capital a mais cara do país em setembro, passando de R$ 474,34 para R$ 477,69.


A disparada do preço ocorreu entre junho e setembro, quando o valor médio do quilo passou de R$ 3,43 para R$ 4,85, segundo o levantamento de preços da Associação Gaúcha de Supermercado (Agas). Um acréscimo de 41%. No atacado, o alimento também valorizou. Na Ceasa, o preço do quilo da banana-caturra na segunda-feira era de R$ 3,25. No mesmo mês do ano passado, custava R$ 1,29.

A principal culpada pelo encarecimento de uma das frutas mais tradicionais na mesa do consumidor é a geada que atingiu as regiões Sul e o Sudeste do país durante o inverno. A pesquisadora do mercado de frutas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Leticia Julião explica que o Norte de Santa Catarina e o Vale do Ribeira, no Litoral de São Paulo, regiões produtoras da banana-caturra, sofreram forte influência da geada, que queima as folhas da bananeira com o frio. O clima ideal para a cultura é calor e umidade.

— Com o frio, a fruta fica mais suscetível à perda da qualidade. A casca da banana fica escura e também acaba perdendo o valor de mercado. A geada atrasa o desenvolvimento da banana.

 Só no Vale do Ribeira, a quebra na produção da banana-caturra entre junho e setembro, período em que houve o maior acréscimo no supermercado, chegou a 44%.

Banana-prata

No caso da banana-prata, produzida no Norte de Minas Gerais, foi a seca que prejudicou o desenvolvimento da fruta. A perspectiva é de que os meses de calor possam aumentar a produtividade e aliviar o preço para o consumidor.

— O clima vai ditar o preço. Quando começar a esquentar, a tendência é de que a oferta aumente e o preço baixe — prevê Leticia.

O assistente técnico regional da Emater Luis Bohn, que atua há 18 anos com a produção de banana, não se lembra da fruta já ter registrado um valor tão alto. Mesmo assim, aposta que a queda do preço está próxima:

— O momento da seca já passou e essa situação vai se regular. Nas próximas semanas a oferta deve aumentar e o preço já vai baixando.

Não tão bonita, mas baratinha

Além de ser uma boa alternativa de economia, as feiras podem reservar barbadas que os supermercados não dispõem. Ao circular na feira do Terminal Parobé, no Centro da Capital, o DG identificou que a banana-prata ainda é mais em conta do que a caturra.

O feirante João Floriano, 52 anos, deixou de oferecer a banana-caturra há três meses – assim que percebeu que o preço estava subindo – para vender apenas a prata de segunda linha, a R$ 2 o quilo. Embora o visual da fruta não seja o mesmo, ele garante que o sabor não muda:

O feirante João Floriano, 52 anos, deixou de oferecer a banana-caturra há três meses – assim que percebeu que o preço estava subindo – para vender apenas a prata de segunda linha, a R$ 2 o quilo. Embora o visual da fruta não seja o mesmo, ele garante que o sabor não muda:

— Ela é considerada de segunda linha pela cor da casca e pelo tamanho, porque é menor, mas a qualidade é a mesma.

O feirante Paulo Oliveira, 49 anos, que segue vendendo a banana-caturra, conta que o preço dela dobrou: de R$ 2 foi para R$ 4. A prata vende a R$ 3. Devido ao preço mais alto, a dona de casa Mara Gelatti, 57 anos, de Gravataí, deixou de comprar fruta toda semana:

 — Antes, comprava um cacho a cada ida ao supermercado, agora já não compro mais assim que acaba porque R$ 4 o kg é muito caro — reclama.

 

Fonte: Zero Hora


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