Em setembro, taxa de desemprego no País era de 11,8%, com 12 milhões de desempregados; para analistas, fundo do poço ainda está longe.
RIO - O mercado de trabalho voltou a piorar no terceiro trimestre do ano. Em relação ao segundo trimestre, 963 mil pessoas perderam seus empregos, elevando para 12 milhões o número de desempregados. Na análise mais detalhada, identifica-se que foram extintos 2,255 milhões de postos no período de um ano, o pior resultado da série dentro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. A taxa de desemprego no País manteve-se em 11,8%, também o maior patamar registrado. Para os analistas, o fundo do poço pode ainda estar longe.
“A indústria já devia estar ligando as turbinas para atender às demandas do fim do ano. Isso não aconteceu”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Somente a indústria fechou 1,301 milhão de postos de trabalho no período de um ano. Houve demissão de funcionários mesmo na comparação com o segundo trimestre de 2016: foram 84 mil vagas cortadas, queda de 0,7% no total de ocupados na atividade.
O resultado contraria uma tendência sazonal de geração de postos de trabalho nessa época do ano e poderia ter sido ainda mais grave não fosse a desistência de um número expressivo de pessoas em integrar a força de trabalho. A população inativa também é recorde: são 64,642 milhões.
Num momento em que a taxa de desemprego se mantém no maior patamar já detectado pela pesquisa, a alta da inatividade indica desalento, quando pessoas desistem de procurar emprego porque acreditam que não conseguirão uma vaga.
“A pessoa acha que não vai conseguir trabalho, dado esse mercado saturado, e ela acaba se afastando da força”, reconheceu Azeredo.
O contingente de inativos aumentou em 1,2 milhão de pessoas em relação ao terceiro trimestre de 2015. Na comparação com o segundo trimestre do ano, 756 mil pessoas optaram por deixar a força de trabalho.
Os dados indicam que a taxa de desemprego ainda aumentará até atingir o ápice de 12,3% no fim do primeiro trimestre de 2017, previu o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Ele argumenta que não deve haver estímulos no curto prazo, já que o governo trabalha pela aprovação da PEC 241 (Proposta de Emenda à Constituição que determina um teto para os gastos públicos) e não há expectativa de queda de juros forte até lá.
“Esse Natal deve ser pior do que o do ano passado, por isso as contratações do fim do ano não devem impactar a taxa de desemprego. Talvez uma redução bem pequena, de 11,8% para 11, 6%”, considerou Perfeito.
Fonte: O Estado de São Paulo