Com seca no Espírito Santo e quebra também no Paraná, cotação da saca de 60 quilos saiu de R$ 424,95 em 5 de setembro para R$ 533,21 na quinta. Queda na produção é esperada em 25,3%
São Paulo - Os preços do café robusta registraram elevação de 25,47%, de R$ 108,26 por saca de 60 quilos, entre o começo de setembro e o fim de outubro, e superaram os R$ 500. A alta é resultado da quebra de safra no Espírito Santo e no Paraná.
Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o custo do robusta - ou conilon - apresentou tendência de elevação no início de setembro.
No dia 5 daquele mês, a saca atingiu os R$ 424,95, e, no dia 19, os R$ 435,55. Após chegar a R$ 507,09 em 18 de outubro, marcou R$ 533,21 na última quinta-feira (27).
"Houve uma quebra grande na safra do Paraná e do Espírito Santo e isso dá suporte aos preços do conilon", afirmou o analista da Consultoria Safras & Mercados, Maurício Muruci.
Ele ressalta ainda que a temporada de monções na Ásia era para ser encerrada em outubro, mas as chuvas começaram a crescer na média dos últimos 10 anos, e atrasou a colheita em grandes players, como o Vietnã, o que contribuí para o custo da saca brasileira.
Para o pesquisador de Café do Cepea, Renato Ribeiro Garcia, a disparada do conilon reflete a perspectiva ruim sobre a safra 2016/2017.
"O início da safra já começou turbulenta. A florada do robusta inicia antes do arábica. Mesmo assim, as primeiras floradas vieram em setembro e outubro, quando era para ter acontecido em agosto. Esse início conturbado foi repassado pelo mercado", declarou Garcia ao DCI.
Com uma safra ruim e demanda em alta, há uma preocupação dos cafeicultores com o nível do estoque interno no próximo ano. É que a produção do conilon deve sair de 11,1 milhões de toneladas do período 2014/2015, para 8,35 milhões de toneladas neste ano, uma retração de 25,3%, segundo a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgada em setembro.
Arábica
Mas não foi só o tipo robusta que teve suas cotações em alta. A saca do café arábica, considerado de maior qualidade e voltado para a exportação, esteve em R$ 468,42 em 17 de agosto. Após oscilar por entre R$ 500, passou para R$ 526,71 em 25 de outubro e chegou ao nível mais alto na última quinta-feira (27), aos R$ 535,27.
"A safra da segunda florada está muito boa, mas não é garantia de um grande volume. [Essa boa perspectiva] pode dar suporte ainda maior para os preços", analisou o analista da Safras & Mercados, Mauricio Muruci.
Segundo o analista de mercado, a valorização do real ante o dólar não só tira competitividade, como faz com que exportadores paguem mais caro pelo produto brasileiro. "Isso reduz a disponibilidade de oferta no curto prazo", disse.
A Conab acredita em salto na produção do arábica, dos 32 milhões de toneladas em 2014/2015, para 41,2 milhões de toneladas no último ciclo.
Com tendência negativa no caso do conilon e boa expectativa sobre o arábica, a Conab acredita em aumento de 14,8% na produção brasileira cafeeira, de 43,2 milhões de toneladas em 14/15, para 49,6 milhões de toneladas neste ano.
As exportações em setembro caíram de 3,1 milhões de toneladas para 2,5 milhões de toneladas em setembro de 2015. O conilon passou de 335 mil toneladas no ano passado, para 30,4 mil toneladas.
Fonte: DCI