Bom desenvolvimento das lavouras sul-americanas colaborou para manter a pressão de baixa nas cotações da oleaginosa; só no MT, plantio chega a 95,4%
São Paulo - Apesar de intempéries climáticas em algumas regiões produtivas, o andamento do plantio da safra de verão 2016/2017 já supera anos anteriores. Especialistas divergem sobre o nível atingido, mas sabe-se que está ao menos acima de 70% das áreas e à frente do desempenho obtido no ciclo anterior. Mesmo ciente da recuperação na oferta e com um dólar favorável para exportação, o mercado ainda está receoso nas vendas antecipadas e mantém baixa liquidez. Só no Mato Grosso, maior estado produtor de commodities agrícolas no País, a semeadura de soja chegou a 95,46% das áreas, segundo levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado ontem. Na avaliação da consultoria INTL FCStone, o plantio do grão está em 76,8% do território nacional agricultável.
"Estamos falando de uma safra espalhada em um território de mais de 4 milhões de quilômetros quadrados. Identificamos contratempos apenas no sul do Mato Grosso do Sul, onde o nível de chuvas segue abaixo do histórico, e Oeste da Bahia, atraso acima do normal no início das precipitações", explica o diretor de inteligência de mercado da consultoria, Thadeu Silva. Importante ressaltar que estes 'contratempos' em ambos os casos não apresentam riscos de perdas de produtividade irreversíveis.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) trabalha com uma expectativa oficial de de 210,9 a 215,1 milhões de toneladas para a produção de 2016/2017, crescimento de até 15,6% em relação ao desempenho da temporada passada, em uma área de 58,5 e 59,7 milhões de hectares, acréscimo de até 2,3%, se comparada com a de 2015/2016. "É evidente um ciclo de recuperação global de oferta de commodities. Talvez estejamos assistindo a maior safra dos Estados Unidos e uma safra boa na América do Sul", enfatiza o sócio da consultoria MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros. O bom desenvolvimento das lavouras sul-americanas, no entanto, colaborou para manter a pressão de baixa nas cotações da oleaginosa. O contrato da soja na bolsa de Chicago (Cbot) para janeiro de 2017 recuou 1,19% na última semana, ao encerrar na média de US$ 9,85 por bushel.
O baixo patamar de preços passou a pesar mais do que a valorização do dólar ante o real, que favorece os exportadores, e a efetivação de vendas antecipadas segue lenta. Até o dia 14 de novembro, a comercialização do Mato Grosso estava em 36,26% da estimativa de produção (de 29,9 milhões de toneladas), 16,85 pontos percentuais inferior ao ano passado, mostra a análise mais recente do Imea.
"Alguns vendedores se mantêm retraídos, apostando em preços maiores ao longo da safra, devido ao baixo volume de chuva em áreas do Mato Grosso do Sul, possível seca na região Sul nas próximas semanas e ao clima desfavorável soja na Argentina", explica o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Vale lembrar que no Centro Oeste, sobretudo Mato Grosso, cada vez mais a preocupação deixa de ser estiagens e passa para possibilidade de chuvas excessivas em janeiro e fevereiro durante a colheita.
Assim, entre 11 e 18 de novembro, o Indicador da soja Paranaguá Esalq/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no porto de Paranaguá (PR), caiu 1%, fechando a R$ 78,09 por saca de 60 quilos na sexta-feira (18).
Fonte: DCI