O setor têxtil e de vestuário deve apresentar um leve aumento na produção em 2017, após três anos consecutivos de variações negativas. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) projeta para o próximo ano um crescimento de 1% na produção têxtil, chegando a 1,72 milhão de toneladas. Em 2016, haverá queda de 5,3%, para 1,7 milhão de toneladas. Para a produção de vestuário, a previsão é de um crescimento de 1,3%. Neste ano, o volume produzido pelo segmento registra recuo de 6,5%, somando 6 bilhões de peças.
O varejo de roupas, por sua vez, deverá apresentar um incremento de 2% em volume de vendas. Neste ano, a categoria fecha com queda de 10%, somando também 6 bilhões de peças vendidas. A Abit projeta para o setor um faturamento total de R$ 135 bilhões no próximo ano, ante R$ 128 bilhões em 2016, o que representa uma alta de 5,5%. Neste ano, o setor registrou um crescimento de 5,8% sobre 2015.
Rafael Cervone, presidente da Abit, diz que a recuperação do setor será pequena porque o cenário para a macroeconomia ainda é de uma recuperação lenta. Ele acrescenta que o maior problema que as empresas do setor enfrentam atualmente é a dificuldade de acesso ao crédito para financiar novos investimentos. "Tanto as empresas quanto a população estão extremamente endividadas. A oferta de crédito ainda é cara e escassa. Acho que o Banco Central está mais preocupado em devolver a inflação ao centro da meta do que tirar o país do buraco", afirmou Cervone.
Ele acrescentou que as indústrias do setor precisam renegociar dívidas e que pediu uma agenda com o presidente Michel Temer para discutir o assunto. "As indústrias do setor estão com mais de 20% de ociosidade. Elas podem responder rapidamente a um aumento de demanda. Mas a recuperação do consumo não se resolve por si só", disse o executivo. A Abit também projeta melhora no cenário de empregos no setor têxtil no próximo ano, com geração de 10 mil novos postos de trabalho. Neste ano, o setor fechará 30 mil vagas. Em 2015, foram fechados 100 mil postos de trabalho.
Para a balança comercial do setor, a Abit estima um déficit de US$ 3,3 bilhões em 2017, ante US$ 3,1 bilhões neste ano, o que representa um aumento de 6,4% em relação a 2015. As exportações devem aumentar 5% em 2017, após apresentar uma queda de 4,8% neste ano. Já as importações devem registrar um crescimento de 10%. Em 2016, as importações recuaram 4,7%.
Por Cibelle Bouças | São Paulo
Fonte: Valor Econômico