Remédios a preço popular atraem atenção de políticos

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Na campanha presidencial de 2002, Duda Mendonça, o marqueteiro de Luiz Inácio Lula da Silva, copiou uma ideia inspirada no Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) para moldar o seu programa Farmácia Popular. Lula se elegeu e o programa saiu do papel, apesar das críticas.

 

O apelo popular de uma rede de 38 farmácias que vende remédios a preços baixos faz com que o Lafepe desperte a atenção dos políticos. No governo de Jarbas Vasconcelos (PMDB), de 1998 a 2006, a gestão do laboratório foi cedida aos partidos aliados PSDB e DEM. Depois da vitória do governador Eduardo Campos (PSB), a presidência e a diretoria comercial foram repassadas a quadros do partido socialista. O laboratório foi criado em 1966 na gestão do ex-governador Miguel Arraes (PSB).

 

Na campanha de Campos, o advogado Luciano Vasquez, presidente do Lafepe, auxiliou fazendo a ponte entre o PSB e o deputado federal Inocêncio Oliveira (PR), que tinha sido aliado de Jarbas. Já Oséas Moraes, diretor comercial, foi deputado pelo PSB até 1998. Vasquez possui uma empresa de alimentos. Ele assumiu a presidência do Lafepe em janeiro de 2007 com a vitória de Campos, de quem é amigo e para quem trabalhou durante a campanha.
"Fui chamado para equilibrar as contas do Lafepe, que não estavam bem", diz. Quando assumiu o laboratório, a Lafepe tinha apurado prejuízo de R$ 43 milhões. "Em 2007 e 2008, mesmo com receita menor, o Lafepe lucrou." Ficou no azul em R$ 4 milhões em 2007 e em R$ 3,2 milhões em 2008.

 

O Lafepe produz oito medicamentos antirretrovirais contra aids, e outros 35 remédios da linha básica, que tratam da febre à tuberculose. Os produtos são vendido ao setor público (Ministério da Saúde, governos estaduais e prefeituras), que responde por 90% do faturamento, e aos hospitais privados e à sua rede de farmácias do laboratório.

 

Desde que o Ministério da Saúde decidiu descentralizar a compra de medicamentos para hipertensão e diabetes, por exemplo, o Lafepe vem observando a queda de suas vendas. O faturamento caiu de R$ 100 milhões em 2006 para R$ 74 milhões em 2007 e R$ 70 milhões em 2008. Hoje, o Lafepe utiliza cerca de 60% de sua capacidade de produção, que é de 1 bilhão de unidades por ano. Segundo Vasquez, o laboratório está em busca da produção de novos medicamentos para melhor utilizar sua estrutura. Em 2007, por exemplo, o Lafepe começou a produzir o remédio para a doença de Chagas, numa parceria com a Roche, que repassou a tecnologia.

 

Para aumentar a qualidade na produção de medicamentos, a Fundação para o Remédio Popular (Furp), laboratório público do governo de São Paulo, deve se tornar o primeiro laboratório oficial a fabricar medicamentos genéricos - hoje apenas as empresas privadas o produzem. Uma norma da Anvisa facilitou o ingresso de laboratórios oficiais neste segmento. A intenção da Furp é iniciar a distribuição dos genéricos à Secretaria da Saúde no segundo semestre e também fornecer a outros Estados e municípios. A Furp é a principal supridora do programa Farmácia Dose Certa, unidades instaladas em lugares de grande circulação de pessoas, como estações de trem, metrô e centros de saúde e que serve de vitrine política na propaganda oficial do governo de São Paulo.

 

Veículo: Valor Econômico


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