São Paulo - Impulsionada pela safra recorde de grãos, que deve superar 220 milhões de toneladas, a agropecuária brasileira pode crescer até 9% em 2017 e contribuir com praticamente metade da expansão prevista para o Produto Interno Bruto (PIB) do País neste ano. De acordo com analistas, lideranças e representantes ouvidos pela reportagem, o setor deve contribuir com 0,22 ponto percentual dentro do incremento de 0,48% esperado para a economia nacional, conforme o mais recente boletim Focus, do Banco Central.
Na avaliação do economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada, o PIB da agropecuária deve crescer 1% no primeiro trimestre e fechar 2017 com alta de 3%, sendo que há viés positivo de até 4%. "É uma variação muito forte e, assim, pode resultar em uma contribuição de 0,22 ponto porcentual (dentro do PIB do País)", avaliou. Pelos cálculos da Tendências, a economia brasileira deve subir 0,7% em 2017, mas tem viés positivo menos intenso, de 0,3%.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê crescimento do PIB brasileiro de 0,6% e do agropecuário de 6% em 2017. "Ao longo do ano o PIB agropecuário deve ter desempenho positivo, mas no primeiro e segundo trimestres deve ser destaque de crescimento", disse o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon.
A contribuição do PIB agropecuário é mais robusta no primeiro semestre, graças à colheita e à comercialização da safra de verão de soja e milho. Além disso, há o início da colheita do milho safrinha do meio para o fim do segundo trimestre. Até 2 de março, 47% da safra de soja do Brasil já estava colhida, segundo a consultoria AgRural. No caso do milho verão, a colheita alcançava 29% da área do Centro-Sul.
O milho safrinha, que já foi plantado em 75% da área do Centro-Sul, ainda é uma incógnita, mas a perspectiva climática é positiva e deve permitir a recuperação da produção. "De maneira geral, a meteorologia aponta boas condições para os períodos de finalização do plantio e enchimento dos grãos", afirmou Conchon. Culturas como açúcar e citros, que tiveram quebras relacionadas ao clima no ano passado, também devem se beneficiar de condições climáticas favoráveis, mas a contribuição dessas commodities no PIB agropecuário deve ocorrer principalmente no terceiro trimestre, conforme a CNA.
Para o economista-chefe do Sistema da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, o "grosso" da contribuição da agropecuária deve se concentrar no segundo trimestre. "É uma questão de sazonalidade. No primeiro trimestre já devemos ter algum impacto positivo, mas é no segundo que temos a maior parte da produção de grãos, como soja, milho safrinha e arroz", explicou.
Integrante da pesquisa Focus, Luz estima que o PIB da agropecuária poderá crescer de 7% a 9% neste ano, impulsionado pela base baixa de comparação, dado que 2016 foi um ano de perdas no campo, e também pela perspectiva de uma safra agrícola volumosa. Na semana passada, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projetou que o Brasil deverá colher um recorde de 222,91 milhões de toneladas de grãos em 2017, 19,5% mais ante os 186,6 milhões de toneladas do ano passado. Quanto à influência do PIB agropecuário no PIB brasileiro, a Farsul está calculando os números após a divulgação das Contas Trimestrais do IBGE na terça-feira (7). (AE)
Fonte: Diário do Comércio de Minas Gerais