Lavouras do Rio Grande do Sul e da Região da Mantiqueira, na divisa entre Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, registram aumento da área plantada e também a manutenção dos cultivos existentes
São Paulo - Amparada por um consumo consistente de azeite no País, a produção da oliva - matéria-prima do óleo - segue em expansão. A expectativa para este ano é de um aumento de 30% na produção, para 400 toneladas de olivas e em torno de 45 mil litros de azeite. Na avaliação da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi), apesar do avanço da área plantada, a produção ainda representa pouco perto da demanda de azeite extra-virgem existente. O Estado, maior produtor de olivas do País iniciou ontem a colheita desta safra.
Com base nos dados mais recentes da International Olive Council, referentes a 2014, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) calcula que o consumo brasileiro estava perto de 73 mil toneladas de azeite de oliva naquela época. "Têm sido plantados cerca de 400 novos hectares por ano, e a área cultivada está ao redor de 2,1 mil hectares, dos quais somente 30% estão em fase de produção. A meta do Programa Estadual de Olivicultura (Pró-Oliva) é chegar a três mil hectares até o final do ano de 2018", afirma o coordenador da Câmara Setorial da Olivicultura da Seapi, Paulo Lipp.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Temperado, existe um grande potencial de crescimento da cultura e da produção de azeites nas lavouras gaúchas. "Isso porque temos áreas disponíveis, especialmente na metade sul do estado, justamente a região que busca novas alternativas para geração de renda e emprego", explica Lipp. O representante do mercado destaca ainda que o solo, a topografia e o clima têm atraído investimentos de empresários gaúchos, de outros estados e do exterior.
No ano passado, atendendo à reivindicação dos produtores gaúchos de azeite de oliva, o Estado reduziu a alíquota de ICMS de 18% para 7% nas vendas dentro do Rio Grande do Sul do produto fabricado com azeitonas cultivadas no País. Para a Seapi, a resolução estimula a cadeia produtiva de oliveiras e a expansão das indústrias nacionais. Na região da Mantiqueira - composta pelos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro - , o presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), Carlos Diniz, estima uma safra de 400 toneladas de azeitonas. Como a quase totalidade é direcionada ao azeite, sua fabricação deve ficar em 40 mil litros em 2017.
"Há um aumento anual na área plantada estimada em 15%, além de investimentos na manutenção dos olivais existentes e de instalação de novos lagares. Estimamos atualmente uma área de 1,6 mil a 1,8 mil hectares de oliveiras em todo o Sudeste, sendo 70% desta área em Minas Gerais", acrescenta Diniz. Na mesma região, o sócio-diretor da companhia Oliva Brasil, Hugo Gonçalves, é produtor de mudas de oliva e conta que as entregas devem aumentar 40% em relação ao ano passado, ao atingir 100 mil mudas da planta. A Oliva Brasil fornece cultivares a nível nacional, com foco nos três estados da região Sul e o conglomerado que compõe a Mantiqueira.
Gonçalves conta que os gaúchos são lideres na escala de produção, mas as olivas do Sudeste possuem peculiaridades qualitativas por serem cultivadas, em sua maioria, pela agricultura familiar. "Os estados do Sudeste são os principais mercados consumidores. O manejo em diversas lavouras é artesanal e possui valor agregado", afirma o executivo da Oliva. Conforme informações do mercado, o potencial de consumo interno no Brasil é tão grande que o País é comprador no mercado internacional. Segundo o Ministério da Agricultura, em 2016, as importações de azeite de oliva somaram US$ 281 milhões, alta de 1,6% em relação ao ano anterior. Em volume, foram 57 mil toneladas adquiridas, ligeira queda de 0,8% na variação anual.
Fonte: DCI