Com uma previsão otimista de aumento de até 10% no fluxo de veículos nos estacionamentos dos shopping centers para os próximos dois anos, administradoras desse segmento estudam reformas para ampliar seus espaços, pois afirmam terem encontrado um filão. É o caso da General Shopping e da Sonae Sierra Brasil, cujos estacionamentos renderam, apenas no ano passado, cerca de R$ 22,3 milhões.
De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), há no País atualmente cerca de 346 mil vagas em estacionamentos, de um universo de 378 centros de compras. O movimento estimado nesses espaços nos malls é cerca de 325 milhões de pessoas por mês. A estimativa da associação do setor é de que ainda sejam inaugurados 24 novos empreendimentos ao longo de 2009. No ano passado, os shopping centers movimentaram o montante de R$ 64 bilhões, valor 11% superior frente ao de 2007.
O Sierra Brasil, que cobra por 13.680 vagas em seis malls, fez um investimento de R$ 260 milhões, somente no estacionamento do recém-inaugurado Manauara Shopping, em Manaus. O aporte inclui aviso de vaga e painel luminoso. No Sierra Brasil, braço da companhia portuguesa Sonae Sierra no mercado interno, a receita com estacionamentos foi responsável por cerca de R$ 10,7 milhões, o que responde por 1% do faturamento total dos empreendimentos da rede, afirmam fontes do mercado.
Apesar de ver nessa área um filão, a companhia afirma não cobrar o valor de estacionamento em todos os empreendimentos, pois depende da localização, do perfil do público consumidor e da estratégia de negócios. Atualmente, as taxas praticadas nos espaços do Sonae variam de gratuitas a R$ 30. Na capital paulista há dois exemplos. No Shopping Campo Limpo, por período de 6 horas o custo é R$ 3,50, e acréscimo de R$ 1,00 por hora. No Shopping Plaza Sul, 5 horas custam R$ 4,00 e para período acima de 10 horas a taxa é de R$ 20,00.
Em Manaus, a empresa afirma que o estacionamento possui 2, 75 mil vagas e dispõe de um moderno sistema eletrônico para controle de ocupação. "Todas as vagas têm sensores e, em cada setor do estacionamento, painéis eletrônicos auxiliam os visitantes a localizar as vagas disponíveis. Esta é a primeira vez que um shopping no País oferece um sistema inteligente de indicação de lugares vagos para estacionar", completa o diretor de Desenvolvimento da Sonae Sierra Brasil, Felipe Fulcher.
Segundo ele, o estacionamento conta ainda com serviço de manobristas, disponíveis nas duas entradas do Manauara Shopping. O aporte para instalar as novidades tecnológicas no local é justificado por outro executivo: "Este é o primeiro shopping da empresa na Região Norte do País, e apresenta uma proposta diferenciada e inovadora que respeita a cultura do local, o que é uma característica dos nossos empreendimentos", comemora o CEO da Sierra Brasil, João Pessoa Jorge. Questionado, o grupo não informou, porém, se o sistema será implantado nas outras unidades.
Cesar Garbin, que responde pela diretoria de Operações da Sonae Sierra Brasil, contou que o novo empreendimento em Manaus já tem ocupação de 96% de área bruta locável (ABL), "acima da média nacional, que varia de 90% a 92%, dependendo do local". Ele destaca que o empreendimento terá 227 operações, entre elas a âncora Saraiva Megastore, a primeira loja da rede em Manaus.
Na área de entretenimento, outro foco de interesse das administradoras por atrair consumidores, o Sonae resolveu investir em um teatro com mais de 550 lugares e em formato de stadium. "A decoração foi inspirada na fauna, na flora e na cultura da Amazônia e terá obras de artistas e comunidades locais", destaca.
Quanto a futuros empreendimentos, Garbin destaca que está prevista a inauguração de dois novos malls em 2011. "Teremos novos shoppings em Londrina (PR) e Uberlândia (MG). Ambos terão 45 mil metros quadrados de ABL e capacidade para até 250 lojas". Contudo, o maior empreendimento da rede está previsto para Goiânia (GO). "Em 2012, devemos entregar nosso maior empreendimento. Os recursos devem partir da geração de caixa de nossos sócios, que são o Sonae Internacional e a Developers Diversified Realty (DDR)."
Ampliação
Para ampliar a capacidade de atendimento aos clientes nos malls, a General Shopping, que detém 12 malls, afirma ter planos de ampliar sua estrutura física. Tanto que, no final do ano passado, a General resolveu ampliar o número de vagas de 1.083 para 1.483 no Suzano Shopping, no interior paulista. Depois da reforma, o estacionamento começou a ser a cobrado. Em 2008, a cobrança do estacionamento foi responsável por um incremento de R$ 11,5 milhões no cofre da companhia, ou seja, 69,5% da receita de serviços - R$ 16,8 milhões - ou o valor equivalente a 13,4% da receita líquida em 2008, que totalizou R$ 87,0 milhões.
No caso da General, a terceirização da administração deste tipo de serviço colaborou também para a redução do custo de mão de obra. "Na comparação trimestral, o custo com pessoal caiu 72%, e, se considerarmos o ano como um todo, a redução foi de 32,1%", afirma o diretor de Relações com Investidores da empresa, Alessandro Veronezi.
Segundo Veronezi, o resultado é bastante satisfatório para a companhia. Prova disso é que no quarto trimestre de 2008 as receitas de serviços da General foram incrementadas em 81,4%, totalizando R$ 6 milhões. No período, o crescimento dos ganhos com estacionamento foi de 91,7%.
Veículo: DCI