Presidente da Kraft sua a camisa para vender mais ovos de Páscoa

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A camiseta azul tamanho G usada pelo americano Mark Clouse já estava ficando suada no início da tarde de ontem. Debaixo da "parreira" de ovos de Páscoa montada no hipermercado do Carrefour na Vila Gertrudes, na zona sul de São Paulo, o presidente da Kraft tentava vender ovos de chocolate da marca Lacta em um português limitado. "Menino ou menina?", perguntava aos consumidores que se aproximavam. Sempre que a resposta era "menina", engatava: "Temos a Hello Kitty, muito ´pópiular´", dizia, com um forte sotaque inglês.

 

Ele apontava para o ovo de embalagem cor de rosa e a bonequinha que pulava corda no chão do supermercado. "Ela vem dentro do ovo?", espantou-se uma consumidora. "Sim!", respondeu o executivo americano, enfático. Mais tarde, ficou feliz quando viu a mulher e mais dois amigos levando três ovos da marca. "Agora só faltam 97", brincou Clouse, a respeito da sua meta pessoal de vender 100 ovos neste ano. Se conseguir, terá dado um salto de 60% sobre as 40 unidades que vendeu em 2008, quando ainda não ocupava o posto de presidente. "Agora meu português está progredindo", garante ele, que comanda a Kraft do Brasil há pouco mais de três meses.

 

A meta da Lacta como um todo para a Páscoa é bem menos ambiciosa: aumento de 10% nas vendas, em valores que a Kraft não revela. Em volume, o objetivo é vender cerca de 21 milhões de unidades, marca que a empresa quase atingiu na Páscoa de 2008.

 

Segundo estimativa da Abicab, associação que reúne as fabricantes de chocolates no país, devem ser vendidos um total de 113 milhões de ovos nesta Páscoa. A produção de ovos, segundo a entidade, é 4,8% maior neste ano em relação ao ano passado, somando cerca de 24 mil toneladas (21 mil toneladas em ovos industriais e 3 mil de produção artesanal). Os preços subiram cerca de 8% e o faturamento da indústria pode chegar a R$ 828 milhões.

 

Tanto no ano passado quanto agora, Clouse decidiu ir para o varejo convencer os consumidores a comprar os ovos da Kraft, que também é dona da marca Bis. Leva consigo membros da diretoria, como Romeo Lacerda, diretor de marketing. Na segunda-feira, visitaram 12 lojas no Rio, entre ontem e hoje serão 20 em São Paulo e mais 10 em Curitiba, na sexta-feira. A dedicação tem razão de ser: 80% das vendas de ovos costumam ser feitas nesta semana que antecede o domingo de Páscoa.

 

"A equipe fica muito mais envolvida quando percebe que estamos juntos, trabalhando com o mesmo objetivo", diz Clouse. Dona de uma participação de mercado de 36% em valor em ovos de chocolate, e de 35% em valor na categoria chocolates como um todo, a Lacta, tenta manter o crescimento em uma época de crise. Para isso, está repetindo este ano a experiência-piloto na rede Bompreço, no Recife (PE), onde montou uma loja exclusiva da Lacta dentro do supermercado.
"Achamos que seria interessante reunir em um mesmo espaço todos os produtos da marca, que ficam separados em um supermercado convencional", diz o presidente da Kraft. Ele poderá repetir a iniciativa em outras lojas ao longo deste ano, aproveitando datas temáticas, como Dia das Mães e Natal, aproveitando o crescimento do portfólio da Lacta nas embalagens de chocolate para presente.

 

Outra aposta do executivo está na oferta de produtos em embalagens menores, mais baratos, como o tablete Diamante Negro de 70 gramas e a unidade do chocolate Bis, antes disponível apenas em caixa de 150 gramas. "É uma maneira de oferecer a mesma qualidade por um preço mais baixo", diz Clouse, que reconhece o avanço de concorrentes como a rede de chocolates Cacau Show, focada na classe B.

 

"Eles estão fazendo um bom trabalho, mas não acredito que sejam nossos competidores diretos", afirma. "Os consumidores estão exigindo mais e mais opções, o que abre espaço para várias iniciativas, mas a marca Lacta é para todas as classes e para ser consumida em qualquer lugar", diz ele.
 

 
Veículo: Valor Econômico


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