Irregularidades são praticadas por envazadoras que misturam óleos impróprios ao consumo no produto
São Paulo - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identificou irregularidades em 45 marcas de azeite entre 140 coletadas nos últimos dois anos. Segundo a pasta, eram usadas azeitonas deterioradas ou fermentadas, no processo produtivo.
Em comunicado divulgado ontem, o Ministério destacou que a fraude mais comum - praticada por empresas envazadoras - é a utilização de óleo vegetal com azeite lampante, que tem cheiro forte e acidez elevada, impróprio para a alimentação humana.
O Mapa intensificou a fiscalização de azeite de oliva, desde a semana passada, coletando amostras direcionadas, junto às empresas que apresentaram irregularidades nos últimos dois anos. Os resultados de 2017 serão divulgados posteriormente. Apenas na primeira semana deste mês, foram recolhidos 243 mil litros do produto com suspeita de fraude.
As amostras foram colhidas em doze estados e no Distrito Federal, num total de 322,33 mil litros (dos quais 114,75 mil litros considerados conformes e outros 207,58 mil litros com problemas). A equipe de fiscalização inspecionou 279 amostras de 214 lotes. Desse total, cerca de 38,7% dos lotes tinham problemas e 79% das irregularidades eram relacionadas a baixa qualidade (produto ruim vendido como bom).
No Paraná, foram identificadas empresas que vendiam produto como azeite de oliva, mas com composição de 85% de óleo de soja e 15% de lampante. "As fraudadoras foram autuadas, multadas em até R$ 532 mil por irregularidade encontrada e os produtos foram apreendidos para descarte. As companhias também foram denunciadas ao Ministério Público. O próximo passo é a abertura de inquérito policial", esclareceu a pasta.
Os estados onde foram registradas mais irregularidades foram São Paulo, Paraná, Santa Catarina e o Distrito Federal, onde se concentra o maior número de empresas que envazam o produto. Os envazadores, que importam a granel, principalmente da Argentina, foram os que apresentaram maiores fraudes.
O Brasil é o terceiro maior importador de azeite de oliva do mundo, segundo dados do Comitê Oleícola Internacional (COI). Em 2016, as compras externas foram de 50 milhões de toneladas do produto.
Classificação
O azeite de oliva virgem pode ser classificado em três tipos: o extra virgem (acidez entre 0,8% e 2%), virgem (acidez menor que 0,8%), lampante (acidez maior que 2%). Os dois primeiros podem ser consumidos in natura, mantendo todos os aspectos benéficos ao organismo. O terceiro, tipo lampante, deve ser refinado para ser consumido, quando passa a ser classificado como azeite de oliva refinado. A análise é complexa, exige treinamento e equipamentos sofisticados. O levantamento também apontou azeites desclassificados (que podem não ser considerados como azeite) e fora de tipo (de má qualidade).
Da redação
Fonte: DCI - São Paulo