A produção de azeite mineiro registrou safra recorde neste ano. Após o término da safra na região da Serra da Mantiqueira, na primeira semana de abril, foram contabilizadas 365 toneladas de azeitona colhidas e 42 mil litros de azeite extraídos, volumes que superaram a expectativa dos produtores para 2017.
O número da extração de azeite é 420% maior em relação a 2016 - ano em que a safra foi prejudicada devido a condições climáticas -, e representa quase o dobro da safra 2015, em que foram extraídos 25 mil litros.
Minas Gerais entrou na rota de produção e processamento de azeite há nove anos - a primeira extração experimental, feita pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) no Campo Experimental em Maria da Fé, no Sul do Estado, aconteceu em 2008. Quase dez anos depois, o Estado atesta grande potencial para a cultura, com mais de 180 olivicultores e cerca de 50 municípios da região da Serra Mantiqueira investindo na produção do fruto.
"Para este ano, queríamos extrair 40 mil litros, mas superamos o número. Isto se deve, principalmente, à nossa condição climática favorável, à maturidade das nossas oliveiras e ao aumento das áreas plantadas", explica o presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), Nilton Caetano. Hoje, a Assoolive tem 50 associados.
O principal polo produtor de oliveira no País está localizado na Serra da Mantiqueira, que inclui os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além de Minas Gerais - onde está a maior parte da produção. A serra, que fica a 1.300m de altitude, é o ambiente ideal para o desenvolvimento das árvores, que precisam do frio para dar a flor. "Temos hoje 1.800 hectares plantados, com cerca de 700 mil árvores em produção", pontua Caetano.
Com a expansão da atividade no Estado, aumentam também os desafios. Segundo Nilton Caetano, como a cultura é nova no País, a produtividade ainda é pequena em relação a outros países, como a Espanha, maior produtor de azeite do mundo. Enquanto lá uma árvore madura (que tem em média 10 anos) produz 35 quilos de azeitona, aqui, colhem-se dez quilos do fruto.
Além de pesquisar a cultura da oliveira na Serra da Mantiqueira há 40 anos e de ter realizado a primeira extração de azeite de oliva no Brasil, a Epamig faz a extração do azeite de oliva na região, produzindo com tecnologia da empresa para outros olivicultores. A unidade extratora tem capacidade de processamento de 100 kg/hora.
De um total de 66 variedades de oliveira registradas no Ministério da Agricultura, oito foram desenvolvidas pela Epamig. No banco de germoplasma mantido no Campo Experimental em Maria da Fé estão disponíveis 68 cultivares, sendo 35 delas fruto de pesquisas e melhoramento genético pela empresa.
"Temos a tecnologia desenvolvida. Então, essas mudas que disponibilizamos hoje aos produtores já estão bem adaptadas ao nosso clima", destaca o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Epamig, Luiz Fernando de Oliveira.
Entre as cultivares desenvolvidas pela Epamig e muito bem adaptadas no estado estão a Maria da Fé, a Ascolano 315, a Grappolo 541 e a Grappolo 575. Destas, só a Grappolo 575 não tem, ainda, registro no Ministério da Agricultura.
Fonte: Diário do Comércio de Minas