São Paulo - A produção industrial cresceu 0,6% na passagem de março para abril, segundo Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, no acumulado do ano, o setor ainda registra queda de 0,7%.
"A produção mostra sinais de retomada na passagem de março para abril, mas na comparação anual o desempenho ainda é de queda [de 4,5%]", pontua o economista do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) no Brasil, Mauricio Nakahodo.
Dos 24 ramos pesquisados, 13 tiveram resultados positivos na passagem de março para abril. As principais influências positivas foram registradas por produtos farmoquímicos e farmacêuticos (19,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2%) e máquinas e equipamentos (4,9%).
"Em bens de capital, por exemplo, o resultado de abril sobre março já demonstra sinais de melhora após um longo período de quedas sucessivas", destaca Nakahodo.
Entre os onze ramos que tiveram recuo na passagem de março para abril, o desempenho de maior relevância para a média global foi assinalado pela indústria extrativa (-1,4%).
Já na comparação anual, a produção industrial registrou queda de 4,5% em abril, com resultados negativos em 18 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, produtos alimentícios (-16,4%) exerceu a maior influência negativa.
No acumulado de janeiro a abril, a produção industrial recuou 0,7% em 12 dos 26 ramos pesquisados. Entre as atividades, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,1%) e produtos alimentícios (-6,2%) exerceram as maiores influências negativas.
Perspectivas
O economista do MUFG afirma que se o governo não conseguir aprovar as reformas, principalmente da Previdência, a retomada da produção industrial corre um grande risco. "Quanto mais essa situação de incertezas for prolongada, mais tempo a economia deve sofrer", pontua Nakahodo.
Segundo ele, o segmento de bens de capital é um dos que pode ter novas quedas ao longo do ano. "Essas indústrias dependem de uma retomada consistente da demanda, mas a ociosidade continua expressiva entre as empresas."
Nakahodo salienta ainda que o segmento de bens duráveis, altamente dependente de crédito, também corre riscos de ter novas quedas. "Além disso, esta é uma indústria que sofre influência do mercado de trabalho e a expectativa do consumidor de estar empregado - ou não - no futuro."
Ele revela que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre veio um pouco acima do esperado, o que contribui para uma perspectiva positiva para a indústria no ano, ainda que sobre uma base deprimida. "Estamos trabalhando com uma projeção de crescimento de 0,6% do PIB industrial em 2017", estima.
Fonte: DCI São Paulo