São Paulo - Os recursos do Plano Safra 2017/18 para a agricultura empresarial devem somar R$ 185 bilhões, comentou na quarta-feira (31) o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, durante evento em São Paulo.
O valor, que deverá ser anunciado na próxima quarta-feira (7), é praticamente o mesmo em relação a temporada atual. "Os volumes de recursos são de R$ 184 bilhões, R$ 185 bilhões, o mesmo nível de recursos [do ciclo atua]", disse. O ministro falou, ainda, que a discussão sobre a taxa de juros foi difícil no governo.
O recuo previsto para a próxima safra é de um ponto percentual. "Nós, no Ministério da Agricultura, defendemos uma redução ainda maior, no mínimo dois pontos percentuais, porque a inflação no ano passado era de 11%, os juros eram de 9,5%, 10,5%, então tinha um juro real de praticamente zero", argumentou Maggi. Com a redução de taxa Selic , os juros reais estão em torno de 3,5% ao ano, acrescentou. "Se a inflação começa a descer e vai, os agricultores pagarão um preço muito alto para os juros aplicados."
No plano empresarial atual, os juros variam, de uma maneira geral, de 9,5% a 12,75% ao ano. Para o analista da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, não existe ambiente de orçamento que permita cortes maiores do que os antecipados pelo ministro. "Não espero nada diferente disso", afirmou.
Segundo o economista, é esperada queda nos recursos do seguro rural. "Lamento caso isso venha a se concretizar", afirma. "Essa poderá ser a questão mais grave caso essa retração seja grande, já que o seguro é uma das ferramentas mais importantes do produtor".
Preços em queda
Segundo o ministro, um dos maiores produtores de soja do País, os agricultores deverão estar preparados para cotações mais baixas da oleaginosa e milho, principalmente, devido a grande safras globalmente, incluindo no Brasil. "Temos um mercado ofertado neste momento com os estoques grandes. A safra norte-americana foi muito boa, a brasileira e a sul-americana foram muito boas, então temos estoques grandes. Se eles continuam elevados, vamos ter alguns anos de preços baixos", declarou Maggi. O ministro lembrou, contudo, que qualquer mudança climática que afete a produção pode impactar positivamente as cotações das commodities agrícolas.
Conforme Barros, a expectativa é que a safrinha de milho, que começará a ser colhida, nos próximos dias, chegue a até 70 milhões de toneladas, ante as 41 milhões de toneladas. "Em se confirmando esses números de milho, mais o que cresceu a produção de soja e a safra de milho verão, estamos falando em 45 milhões de toneladas ou mais de grãos nesta safra", estimou. Para o ciclo 2017/2018, ele projeta uma produção "ligeiramente menor que a deste ciclo", com área semelhante. "A primeira safra de milho do próximo ano deverá ser um pouco menor na safra 2017/2018, pressionada justamente pela queda dos preços em razão da oferta", prevê.
Na visão do conselheiro da Markestrat, Marcos Fava Neves, a safra atual será marcada pela enorme produção e por preços razoáveis. "Temos um grande mercado pela frente, mas aos preços atuais", destacou. Neves e Barros participaram nesta quarta-feira (31) de debate promovido pela Mosaic Fertilizantes em São Paulo.
Fonte: DCI São Paulo