São Paulo - Ainda que o Índice de Expansão do Comércio (IEC) de maio tenha subido 2,8% frente a abril e 39,7% na comparação interanual, para 91,5 pontos, a retomada do otimismo no setor - manifesto quando o indicador ultrapassa a marca dos 100 pontos - não deve ocorrer no primeiro semestre.
"Tudo levava a crer que teríamos uma reversão do índice e ultrapassaríamos os 100 pontos na passagem do primeiro para o segundo semestre", explicou ao DCI o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Thiago Freitas. "Após o choque dos problemas que ocorreram na semana passada [mais especificamente a delação da JBS que atingiu frontalmente o Governo Federal] as coisas mudam de figura." O indicador varia de 0 a 200.
A expectativa de retomada do otimismo estava fundamentada no terceiro mês consecutivo de alta no IEC, medido pela própria FecomercioSP. No caso de maio, o bom desempenho foi motivado sobretudo pelo crescimento do nível de investimentos, que passou de 67,7 pontos em abril para 70,4.
O outro indicador que compõe o índice - a expectativa de contratação - também apresentou melhora, passando de 110,2 pontos para 112,6. Na comparação com maio de 2016, o índice apontou alta de 50,3%.
Tanto as expectativas de contratação quanto as de investimentos foram coletadas na primeira quinzena de maio, ou antes da deflagração das delações da JBS. Foram ouvidos estabelecimentos com mais de 50 funcionários mas, segundo Freitas, "mesmo entre pequenos empresários cresceu insegurança com o País".
O assessor econômico da FecomercioSP, por outro lado, destacou aspectos positivos evidenciados ao longo dos últimos meses. "Os níveis de estoque, por exemplo, estão muito mais adequados do que antes", afirma Freitas. A percepção está em linha com balanço da Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgado na semana passada, e que revelou uma intenção de renovar os estoques 2,8% maior que a registrada em maio de 2016.
A FecomercioSP também vinculou a recuperação definitiva do setor à agenda de reformas - que pode ser impactada pela turbulência política. Ainda assim, a entidade afirmou em nota que aguarda uma resolução dos temas "no mais tardar no início da segunda metade do ano".
Fonte: DCI São Paulo