São Paulo - A colheita da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil deve voltar ao ritmo normal no mês de junho, depois de dois meses de chuvas. "Estamos entrando em um período mais seco do ano e a colheita e a moagem não devem mais ser prejudicadas pelo clima", estima o analista da Scot Consultoria, Breno de Lima.
Ele explica que, geralmente, o começo da safra não é tão chuvoso quanto neste ano, mas esse cenário não deve alterar as projeções de moagem para a temporada.
A previsão da União da Indústria de Cana de Açúcar (Única) para a safra 2017/2018 é de 585 milhões de toneladas, queda de 3,65% em relação ao ciclo anterior da cultura, o equivalente a 22,1 milhões de toneladas. A retração se deve ao recuo de 1,5% na área disponível para colheita na safra e a baixa produtividade do canavial.
Nos dois primeiros meses de colheita, a chuva não deu trégua na região e fez com que a moagem chegasse a 80,28 milhões de toneladas até o dia 15 de maio, recuo de 26,2% ante igual período do ano passado, segundo dados da Unica divulgados na última sexta-feira (26). São 28,6 milhões de toneladas a menos, o que fez com que a produção de açúcar e etanol fossem prejudicadas.
No caso do açúcar, a produção por tonelada de cana nesta safra está em 49,07 quilos por tonelada, quantidade bastante próxima dos 48,89 quilos por tonelada registrados no ciclo passado. A fabricação, porém, alcançou 3,94 milhões de toneladas no acumulado da safra, recuo de 25,9% em relação as 5,32 milhões de toneladas produzidas no mesmo período da temporada 2016/2017.
Como reflexo desse atraso na moagem, o indicador Cepea/Esalq de açúcar cristal (cor Icumsa entre 130 e 180), de melhor qualidade, teve alta de 1,32% na última semana, informou ontem o Cepea. A cotação fechou a R$ 77,91 a saca de 50 quilos na segunda-feira (29). A produção foi retomada a partir da quarta-feira (24), entretanto, o volume de negociações ainda não foi significativo, segundo os analistas.
A redução na moagem também fez com que a oferta de etanol recuasse, elevando os preços no mercado spot, em São Paulo. Conforme o Cepea, depois de quatro semanas em queda, o indicador Cepea/Esalq de etanol hidratado atingiu R$ 1,3994 o litro (sem ICMS e sem PIS/Cofins) entre 22 e 26 de maio, alta de 0,89%. O indicador de etanol anidro ficou em R$ 1,6119 o litro (sem PIS/Cofins) na semana.
Conforme a pesquisadora da área de açúcar do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Heloisa Lee Burnquist, a moagem deve retomar os níveis normais ainda nesta semana. "Agora, a preocupação é com o câmbio. A alta do dólar poderá pressionar os preços do etanol e do açúcar nos Estados Unidos, fazendo com que o Brasil perca competitividade", disse ela.
Fonte: DCI São Paulo