São Paulo - As vendas de insumos agropecuários por meio das empresas ligadas à Associação Nacional de Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) devem crescer entre 8% e 10% em relação a 2016, quando foram comercializados R$ 37 bilhões.
A estimativa foi divulgada ontem pelo presidente da entidade, Henrique Mazotini. Segundo ele, o setor de defensivos agrícolas movimenta, ao todo, R$ 109 bilhões por ano sendo as revendas - incluindo as que não integram a Andav - responsáveis por R$ 47 bilhões em 2016.
Ele explica que a perspectiva de alta se deve à intenção de plantio dos produtores, ao investimento em tecnologia e à intenção de recuperação de áreas de pastagens para lavouras. "Está havendo um processo de aumento da área plantada e da área de produção", afirma. "Estou convicto de que, novamente, o Brasil quebrará o recorde de safra no ciclo 2017/18", justifica. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2016/17 deve chegar a 238 milhões de toneladas, avanço de 27% sobre o ciclo 2015/2016.
Ele afirmou que as vendas de insumos para a próxima safra estão atrasadas, porém, descartou a possibilidade de que essa demora na tomada de decisão possa fazer com os investimentos sejam cancelados. Mazotini estima que entre 50% e 60% das compras já foram fechadas, ao passo que em 2016 mais de 90% dos insumos já haviam sido adquiridos pelos produtores nesta época. "Nós já deveríamos estar negociando produtos para a safrinha do ano que vem e ainda tem produtor negociando a safra verão".
O diretor da Andav, Estevan Bento, explica que muitos produtores ainda esperam o fim da instabilidade política e cambial para definir a área de produção e a necessidade de insumos para tomar posição, ou seja, adquirir os produtos necessários para a nova safra.
Tecnologia
A adoção de novas tecnologias tem crescido muito entre os produtores que buscam alta produtividade, observa o diretor presidente da Brandt, Wladimir Chaga. A empresa atua na área de fertilizantes especiais e pretende crescer até 60% na safra 2017/18.
"O produtor investe um valor alto em sementes e precisa buscar toda a tecnologia possível para que a semente possa expressar esse avanço de produtividade. Isso nos leva a crer que o agricultor vai usar melhores defensivos e fertilizantes mesmo que as commodities não estejam com preços tão atrativos", projeta.
De acordo com pesquisa encomendada pela Andav, das 371 empresas do setor (que contam com um total de 1,6 mil revendas), 119 registraram faturamento de até R$ 20 milhões, 167 de R$ 20 milhões a R$ 100 milhões, 70 faturaram acima de R$ 100 milhões e 15 acima de R$ 500 milhões.
Bento destaca que os produtos para as lavouras de grãos são responsáveis por 67% do faturamento das empresas. A venda de defensivos representa 48% das receitas, considerando apenas os insumos.
Ele ainda afirmou que para 23% das revendas o barter - compra de insumos para a safra com pagamento em grãos - representa 40% do faturamento. O Estado de Mato Grosso é onde a ferramenta tem maior uso nas revendas e representa 46% do faturamento das revendas. No Rio Grande do Sul e em São Paulo, o barter representa 12% do faturamento.
"Entendemos que é uma ferramenta importante do ponto de vista de garantia de fluxo de caixa e de crédito", afirma o dirigente, acrescentando. "Mas nem todas as revendas entendem esse processo e temos feito palestras para estimular o uso da ferramenta", complementa. Conforme Bento, isso é importante, pois as empresas compram os fertilizantes à vista e vendem o produto a prazo. "Incentivamos o uso do barter para evitar esse descasamento de caixa", argumenta.
Fonte: DCI São Paulo