Após meses em baixa, os preços da arroba do boi gordo voltaram a reagir na primeira quinzena de agosto e a tendência é de novas valorizações. De acordo com a Scot Consultoria, a reação se deve à menor oferta de boi gordo para o abate, já que o período é de entressafra. Além disso, diante do mercado enfraquecido, reflexo da Operação Carne Fraca e da divulgação da delação do empresário Joesley Batista, proprietário da JBS, os pecuaristas reduziram o número de bois a serem confinados, o que limitou ainda mais a oferta.
De acordo com o zootecnista e consultor da Scot Consultoria, Gustavo Aguiar, a entressafra este ano começou mais tarde e, como previsto pelo mercado, a oferta de animais está menor, o que deve contribuir para a maior recuperação dos preços.
“A recuperação vem sendo guiada pela restrição da oferta de gado para abate. Este ano, o calendário do boi gordo está atípico. É preciso lembrar que a safra se estendeu mais que o normal, com boas chuvas registradas em maio e junho. Com isso, a entressafra, que começa tradicionalmente entre maio e junho, foi iniciada agora em agosto. Junto a isso, temos um confinamento ainda muito fraco devido a tudo que aconteceu ao longo do ano, como a Operação Carne Fraca e as delações envolvendo a JBS. Estes fatores estão favorecendo a recuperação dos preços”, disse.
Os dados levantados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), mostram que os preços do boi gordo no Estado estão em recuperação.
A maior alta foi verificada na região do Alto Paranaíba. No fechamento de julho, a arroba estava cotada, em média, a R$ 122, valor que subiu para R$ 127,33 em 9 de agosto, última cotação disponível. O valor máximo pago pela arroba alcançou R$ 135, em 9 de agosto, o maior verificado no Estado.
Valorização também foi registrada nos preços praticados na região Central, com o valor da arroba do boi gordo saindo de R$ 118, em julho, para R$ 122,75 em agosto. No Noroeste do Estado, o volume atingiu R$ 122,5, valorização de 1,23% frente ao preço praticado no fechamento de julho, que era R$ 121.
No Triângulo, a arroba fechou o dia 9 de agosto cotada, em média, a R$ 123,41, um aumento de 1,15%, frente aos R$ 122 praticados em julho. Na região, o preço máximo, em agosto, chegou a R$ 130 por arroba.
“Nesse momento temos um mercado de oferta restrita e quem ainda tem o gado para vender, observando a alta de mercado, opta por reter os animais e buscar por uma venda com preços mais elevados”, disse Aguiar.
Tendência - A alta nos valores deve permanecer ao longo dos próximos meses, o que pode incentivar o aumento do confinamento. Mesmo com a tendência de valorização do milho, importante insumo da atividade, os custos do confinamento devem permanecer abaixo do registrado em 2016, o que também pode incentivar a atividade.
“O momento realmente é de recuperação dos preços, já que os valores estavam muito baixos. No mercado futuro, até outubro, a sinalização é de alta, com a arroba avaliada em até R$ 150. É um valor muito melhor que os R$ 119 registrados no período da delação. O mercado está se recuperando e mostrando boas expectativas para os próximos meses”.
Fonte: Diário do Comércio de Minas