São Paulo - Com 92% da área de 250 mil hectares colhida, a Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) espera receber 3,8 milhões de sacas de 60 quilos de café este ano. O volume é 20% menor que o prevista para a temporada, considerando só cooperados.
Em comparação com o volume recebido na safra passada, de 6,2 milhões de sacas, a retração é de 38%. De acordo com o diretor-presidente da cooperativa, Carlos Alberto Paulino da Costa, a quebra na produção se deve ao clima. "A falta de chuvas e a temperatura alta deixaram o solo menos úmido, o que fez com que os grãos desta safra fossem pequenos", disse o presidente da cooperativa, que é a maior do segmento no País, com 13,5 mil cafeicultores cooperados.
Costa afirma que em algumas regiões produtoras, como o cerrado mineiro, a quebra chega a 30% das plantações. A cooperativa reúne produtores de 200 municípios do sul de Minas Gerais, cerrado mineiro e norte de São Paulo.
O dirigente ainda destaca a queda 16,3% no preço ao produtor, que está sendo negociado a R$ 460 a saca de 60 quilos. No ano passado, o valor pago era de R$ 550 a saca de 60 quilos.
"Isso tem deixado os produtores preocupados, já que é um ano com menor produção", afirma Costa.
Na visão dele, a retração dos preços é resultado da perspectiva de safra mundial bem maior. Na semana passada, a Organização Internacional do Café (OIC) elevou a previsão para a produção global do grão em 2016/17 para um recorde histórico de 153,9 milhões de sacas de 60 quilos. A estimativa anterior era de 151,6 milhões de sacas.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a safra brasileira de café deve atingir 47,2 milhões de sacas de 60 quilos, o equivalente a 2,8 milhões de toneladas do grão.
Falta de insumo
Nas cinco propriedades de Arthur Moscofian, administrador conselheiro da Fazenda Santa Mônica, em Machado, no Sul de Minas Gerais, a colheita já está encerrada.
Segundo ele, a quebra registrada neste ciclo foi de 15%, para 4,3 mil sacas nas fazendas que produzem os cafés da marca Santa Mônica. A redução equivale a 750 sacas a menos, calcula o produtor.
"A quebra se deve ao clima seco e também a problemas de broca do café no campo", afirma o produtor. A broca é um pequeno besouro que ataca os frutos do cafeeiro, reduzindo o peso e a qualidade dos grãos.
Moscofian afirma que as perdas em razão da praga poderiam ser evitadas se o Ministério da Agricultura (Mapa) liberasse a importação do agrotóxico endossulfam para uso nas lavouras. O produto já foi banido em mais de 60 países, por ser considerado nocivo à saúde humana e ao meio-ambiente.
O uso do produto foi proibido no País há dois anos. "É muito importante que essa questão avance. Enquanto o Mapa não liberar o uso do produto teremos problemas nas lavouras", avaliou o produtor.
Nas propriedades ainda está em curso a coleta de grãos que caem dos pés de café naturalmente. Esse produto é negociado pela Santa Mônica com outras empresas e a empresa sente os efeitos da queda dos preços no mercado.
"Esperávamos vender por R$ 450 a saca, mas estamos recebendo em torno de R$ 350 a saca, 25% a menos", relatou. Esse tipo de grão representa 30% da produção da Santa Mônica. Para a próxima safra, Moscofian espera uma colheita semelhante à alcançada no ciclo atual.
Fonte: DCI São Paulo