São Paulo - Embora o setor de bares e restaurantes tenha apresentado leve melhora nos indicadores de rentabilidade e faturamento, 28% das empresas do ramo fecharam o segundo trimestre operando com prejuízo. Em um cenário considerado normal, o número de companhias trabalhando no 'vermelho' não passaria 5%.
Os dados, obtidos com exclusividade ao DCI, mostram, entretanto, uma trajetória de recuperação, já que desde o quarto trimestre de 2016 o indicador tem melhorado gradualmente. O pior momento para o ramo, em termos de rentabilidade, ocorreu no terceiro trimestre do ano passado, quando 39% dos bares e restaurantes trabalhavam no 'vermelho'. O número foi caindo nas pesquisas subsequentes atingindo os 28% do último período.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) - entidade responsável pela pesquisa -, Paulo Solmucci Jr., até o final do ano o percentual deve reduzir para 20%, junto com um aumento do número de companhias com uma margem acima de 10%, hoje em 17%. "O valor ainda é alto, já que o normal é que só 5% das empresas operem com prejuízo, mas a curva está andando na direção certa."
Em relação ao faturamento, houve uma queda média de 1,5% no período de abril a junho, frente igual intervalo do ano passado. A retração foi menor que a do primeiro trimestre deste ano e dos períodos anteriores (veja mais no gráfico). Com a melhora do ambiente econômico nos últimos meses, o presidente da Abrasel acredita que o setor possa fechar este ano com um crescimento de 3% nas vendas e de 5% em 2018. Os dados do terceiro trimestre, segundo ele, devem surpreender positivamente, sustentando a expectativa de expansão. "Pelas conversas que tenho feito com empresários do ramo a situação agora está melhor", diz.
A pesquisa "Conjuntura Econômica do Setor de Alimentação Fora do Lar" apresentou ainda dados sobre as contratações no setor. De acordo com o levantamento, 40% dos bares e restaurantes reduziram o quadro de funcionários no período, enquanto 47% mantiverem estável e 13% aumentaram. Na média nacional houve uma redução de 3,01%, em linha com o desempenho do trimestre anterior, quando as empresas reduziram 2,97% dos funcionários. A região que mais demitiu no período foi a Nordeste, com queda de 5,7%.
Novas leis
Aprovada em maio, a Lei da Gorjeta foi abordada pela primeira vez no levantamento. A intenção era medir quantos bares e restaurantes aumentaram a taxa de serviço, de 10%, por conta da nova legislação. Segundo o estudo, apenas 2% das empresas subiram a taxa sugerida: 1% para 11% a 12% do valor consumido no estabelecimento; e outro 1% para entre 13% a 14% do total. A coleta dos dados foi realizada por volta de agosto, pouco mais de dois meses depois da aprovação da regulamentação.
"Quem tem mais necessidade de fazer essa mudança são os restaurantes sofisticados, mas sem dúvida o número de empresas fazendo o ajuste deve crescer muito, até como forma de reter funcionários", diz.
Outra mudança na lei abordada no estudo da Abrasel foi a diferenciação de preços em função do meio de pagamento, que passou a ser permitida em 26 de junho. O estudo apontou que 19% dos bares e restaurantes consideram cobrar valores distintos em pagamentos com cartões e à vista. Desse total, cerca de 23% afirmam que devem oferecer descontos de 10% no pagamento à vista, e 49% que pretendem oferecer descontos de cerca de 5%. Dentre os que não consideram realizar a diferenciação o principal motivo é o medo de gerar um desgaste com o cliente, citado por 38% das empresas. A dificuldade de operacionalizar e controlar a diferenciação é outro motivo decisivo, relatado por 18% dos entrevistados.
Para Solmucci, o número ainda baixo era esperado diante da aprovação recente das mudanças. "Tem um período natural de ajuste, para que as empresas se adaptem as mudanças e aprendam a lidar com as novas leis", diz. O levantamento mediu ainda quantas empresas consideram diferenciar o pagamento à vista do feito com vale refeição. No quesito, o valor subiu para 32%, pela alta taxa cobrada.
Fonte: DCI São Paulo