São Paulo - O mercado de insumos para fragrâncias se destacou em meio à crise e segue em crescimento dentro do ramo da beleza. Mesmo em recessão, os consumidores não abandonaram a compra de perfumes, puxando a demanda da matéria-prima pela indústria.
A multinacional francesa Robertet, que fornece insumos para indústrias como a de cosméticos e perfumaria, é um exemplo de crescimento acima da média do mercado, puxado pela venda de fragrâncias. A empresa deverá registrar, neste ano, um aumento de 25% no faturamento, após uma expansão de 50% observada no ano passado e de 138% em 2015, diz o diretor geral da empresa, Francisco Marques.
Se os números forem convertidos em dólar - a moeda norte-americana é importante em razão da maior parte dos insumos ser importada - a expansão projetada para este ano será de 50%, diante de um crescimento de 45% e 100%, respectivamente, nos anos de 2016 e 2015.
"Temos uma questão pontual de alguns clientes, com alta representatividade em nossa carteira, que tiveram uma explosão de crescimento, o que ajudou muito o nosso resultado", afirmou.
Alguns dos clientes são a Hinode, Reckitt Benckiser e Cera Ingleza.
"Aparentemente, as fragrâncias poderiam ser consideradas como um item supérfluo, mas o mercado brasileiro não enxerga desse jeito. O consumidor não deixou de comprar perfumes. Não sofremos com a mesma intensidade, ao contrário do que ocorreu com o setor como um todo. Tivemos um crescimento excepcional nos últimos dois anos."
Segundo dados da Euromonitor, o crescimento do volume de ingredientes para fragrâncias em beleza e cuidados pessoais deve ser de 2,3% este ano, enquanto em 2018 a alta poderá atingir 3,6%.
Marques destaca que a Robertet usa mais de 1,5 mil produtos químicos como matéria-prima para formulação das fragrâncias, que são personalizadas para cada cliente. Os insumos são utilizados para uma gama de produtos como colônias, xampus, produtos para pele e limpeza.
Para dar conta do crescimento, a empresa está investindo cerca de R$ 37 milhões na duplicação de sua fábrica em Tamboré (SP), que deverá ser finalizada em 2019.
Ao contrário da área de fragrâncias, que vem garantindo o crescimento da Robertet, o ramo de aromas, usados pelas indústrias de alimentos e bebidas, apresenta uma situação diferente. "Este segmento sentiu mais a crise", diz Marques. Nesta área, o que vem puxando a demanda de forma positiva são aromas destinados à produtos com uma linha de "saudabilidade". "Bebidas e iogurtes com menores índices de açúcar ou gordura têm se destacado", afirma.
O presidente global de soluções de consumo da Dow, Mauro Gregório, ressalta que o consumidor brasileiro tem como característica manter o consumo de itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, mesmo em momentos de crise. "Os produtos de beleza são de fácil ajuste, dando uma sensação de luxo acessível. A necessidade de sempre parecer bem incentiva a troca de produtos mais sofisticados por outros de preços menores", destaca o executivo.
Crescimento
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor deverá registrar uma expansão do faturamento, em termos reais, entre 1% e 3% este ano sobre 2016.
A retomada do crescimento dessa indústria ocorre após quedas de 6,3%, em 2016, e de 9,3%, em 2015. As retrações - as primeiras registradas em quase duas décadas, segundo a Abihpec-, foram impulsionadas pela crise econômica, junto com o aumento da carga tributária, resultante do início da cobrança, a partir de maio de 2015, do Imposto sobre Produtos Industrializadas (IPI) na distribuição. Antes, o setor avançava, em termos reais, a uma taxa média composta de 9,2% ao ano.
Fonte: DCI São Paulo