Laticínios: Empresa negocia contratos de serviços para terceiros para ampliar receita e espera fazer readmissões
O juiz Héber Mendes Batista da 4ª Vara Cível da comarca de Ribeirão Preto deferiu, na última quinta-feira, o pedido de recuperação judicial da Indústria de Alimentos Nilza. O pedido foi feito no fim de março, quando a empresa também anunciou a demissão de 550 pessoas em suas três unidades de processamento de leite.
Agora, a Nilza tem 60 dias para apresentar aos seus credores um plano que permita pagar dívidas que somam R$ 200 milhões. Desse valor, R$ 115 milhões se referem à aquisição da Montelac, feita no primeiro semestre de 2008.
Processando atualmente 500 mil litros por dia em suas unidades de Ribeirão e de Itamonte (MG), a Nilza negocia a possível terceirização de produção ou prestação de serviços para outras empresas de leite para ampliar sua receita. Com isso, espera elevar a captação do produto e recontratar parte dos funcionários demitidos.
"O objetivo é voltar a contratar pessoas", disse o diretor de marketing da Nilza, José Maurício Furtado. Segundo ele, a tendência seria chamar antigos funcionários, que já estão treinados. Ele afirmou, porém, que não é possível definir um prazo para a ampliação da produção e das eventuais recontratações.
Hoje a Nilza tem 280 empregados em Ribeirão e 120 em Itamonte. A fábrica de Campo Belo (MG) está fechada desde o início do ano, mas ainda tinha 40 funcionários, que também foram demitidos no fim de março.
Furtado informou que o Minas Leite, grupo que reúne 15 cooperativas de Minas Gerais, está fornecendo a maior parte do volume de leite para processamento na Nilza. O grupo já entregava leite para a empresa e continuou a fazê-lo apesar dos débitos pendentes. "O que temos recebido de volume [de leite] está sendo transformado em vendas", disse Furtado, para explicar como a empresa está pagando atualmente seus fornecedores.
Para o diretor da Nilza, a empresa tem condições de voltar a processar 1,2 milhão de litros de leite por dia - 800 mil em Ribeirão e 400 mil em Itamonte. "A Nilza é viável, tem mercado, tem demanda e preço", garantiu.
A empresa atribui as dificuldades que a levaram à recuperação judicial à crise financeira internacional, pois os bancos restringirem o crédito. Além disso, a Nilza, que tem participação de 35% do BNDES em seu capital, se endividou com a compra da Montelac, após uma disputa com a Parmalat em 2008.
A Indústria de Alimentos Nilza foi criada em 2006 por Adhemar de Barros Neto, ex-acionista da Lacta. Ele comprou da antiga central de cooperativas a fábrica de Ribeirão e a marca Nilza.
Veículo: Valor Econômico