Rede regional foge da canibalização e cresce

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Os indicativos positivos do setor supermercadista, que acumulou alta de 10,5% no ano passado, ante 2007, com faturamento de R$ 158,5 bilhões, animam os empresários do setor, principalmente os das redes regionais, que sinalizam a retomada dos planos de expansão para este ano, ao perceberem a forte canibalização da concorrência nos grandes centros. É o caso da Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), detentora da bandeira Cesta do Povo, que faturou no ano passado R$ 366 milhões, e vislumbra alcançar a marca de R$ 510 milhões em 2009, com a abertura de 32 unidades na Bahia e aporte calculado no valor de R$ 40 milhões.

 

Gerida pelo governo do estado, a companhia engloba em seus negócios 26 farmácias populares, seis espaços de frigorificação, cinco centrais de abastecimento (Ceasa), cinco centros de distribuição e uma fábrica de sopas. A empresa e o Estado da Bahia são exemplos de como as regiões interioranas estão roubando espaço de São Paulo.

 

Atento ao crescimento contínuo do setor de franquias, modalidade de negócios que anda na contramão da crise, a Ebal planeja investir neste formato em breve. Os alvos serão famílias do interior que desejam abrir seu primeiro ou segundo comércio. "Para a companhia o risco desta empreitada será baixo, pois há bancos interessados em financiar linhas de crédito para os investidores remodelarem o imóvel e renovarem o estoque", afirma o presidente da rede, Reub Celestino.

 

Questionado se tal desempenho não abriria oportunidades para uma possível privatização da rede varejista, o executivo disse que o governador Jaques Wagner já foi sondado por uma rede mexicana. Outros planos para o ano são terceirizar a logística e tornar-se correspondente de Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco.

 

"Estamos crescendo mês a mês, a crise não afetou nosso desempenho. Em abril já superamos os números de março, e a tendência será manter este ritmo. No primeiro trimestre as vendas atingiram o montante de R$ 102 milhões", detalha Celestino. A meta do gestor é pôr a empresa nos trilhos e quitar a dívida restante da gestão anterior, de R$ 28 milhões, ainda este ano. "Entendemos que as famílias estão consumindo mais produtos básicos, o foco da rede", diz o executivo.

 

As lojas da Cesta do Povo têm aproximadamente 150 metros quadrados de venda e sortimento de 2,3 mil itens. Celestino ressalta que a localização em bairros periféricos e no interior do estado garante um alcance maior, por serem locais onde os concorrentes geralmente não estão presentes.

 

Reformas

 

A gaúcha Unidasul Distribuidora Alimentícia, formada pelas bandeiras Supper Rissul, Unidão Supermercados e MacroMix, faturou R$ 460,7 milhões no ano passado, o que representa alta de 9% ante o ano anterior. O superintendente Gustavo Henrique Fauth vê potencial para elevar em 8% os ganhos este ano. Apesar de afirmar que o cenário macroeconômico não afetou a receita da empresa no primeiro trimestre, a Unidasul não tem perspectiva de abrir novas lojas, apenas de reformar as existentes. Fauth analisa que "o varejo gaúcho é próspero e continua crescendo, mas a concorrência será maior". A rede é formada por mais de 45 lojas.

 

Ranking

 

Levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta a que a participação de São Paulo no faturamento do setor caiu três pontos percentuais, totalizando 34,6% em 2008. Enquanto isso, o Rio Grande do Sul teve 1,3% de participação, totalizando 10,7% do mercado nacional. Em seguida vêm Minas Gerais (8%), Paraná (6,8%) e Bahia (5,4%), que conquistaram pequenas fatias em relação a 2007.

 

No ranking da entidade, a baiana Ebal ocupa a 32ª posição, mas é a maior rede de abastecimento alimentar de seu estado, com 283 lojas. Sob gestão de Celestino desde 2007, a empresa se recupera de uma falência, que culminou no fechamento de 425 pontos-de-venda e em prejuízo acumulado de R$ 620 milhões, além de dívidas com fornecedores no valor de R$ 95 milhões.

 

Mercado

 

Na avaliação de Sussumu Honda, presidente da Abras, os gigantes Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart estão priorizando a expansão fora de São Paulo, visto que o mercado está cada vez mais disputado. "Empresas que focaram na capital não tiveram resultados tão bons quanto os concorrentes", diz.

 

A Cia. Zaffari é um exemplo, pois concentrou sua expansão em Porto Alegre, já mapeada. Procurada, a empresa não quis se manifestar sobre o assunto. No ritmo contrário, a mineira Bretas segue apostando fortemente no interior, retomando os investimentos paralisados.

 

Veículo: DCI
 


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