Captação menor de leite no Sul, "secagem" de vacas no Centro-Sul e demanda firme fizeram os preços do leite ao produtor nacional subirem novamente em abril, mostra levantamento da Scot Consultoria. O preço médio ao produtor brasileiro ficou em R$ 0,602 o litro em abril - refere-se ao leite entregue em março -, alta de 1,73% sobre o mês anterior, quando ficou em R$ 0,592.
As maiores altas foram registradas nos Estados do Paraná (2,61%), Minas Gerais (2,61%) e Rio Grande do Sul (1,72%).
"Há menor captação por causa da estiagem no Sul e porque há 'secagem' de vacas para parição no Centro-Sul", disse Rafael Ribeiro, analista da Scot. Nesta época do ano, explicou, dois meses antes do período de nascimentos de bezerros, as vacas deixam de ser ordenhadas e isso reduz a oferta de leite no mercado.
Além disso, houve reação dos preços do leite longa vida no atacado, que foi repassada para os produtores. Em abril, a alta no atacado foi de 15,67% em São Paulo, para R$ 1,72 o litro. No varejo, a valorização do longa vida foi de 11,15%, segundo a Scot.
No Nordeste do país, os preços do leite recuaram por causa do aumento da oferta decorrente das chuvas na região. De acordo com a Scot, o recuo foi de 1,85%, em média, nos Estados de Pernambuco, Ceará e Alagoas.
Rafael Ribeiro afirmou que a expectativa é de nova alta do leite no próximo mês com a entrada da entressafra. "O preço ainda não estimula o pecuarista a investir na alimentação do gado", comentou. Isso significa menor captação do produto.
Apesar da recente valorização da matéria-prima, o preço do leite em abril ainda ficou bem abaixo do registrado em igual período de 2008. Naquele mês, o preço médio pago ao produtor ficou em R$ 0,72 por litro. De acordo com a Scot, a queda no período é de 16,40%. Se os preços forem corrigidos pelo IGP-DI, a desvalorização alcança 21%.
O levantamento da consultoria mostrou ainda alta de 6,76% no preço médio do leite nas negociações feitas no spot (comercialização entre as indústrias) em abril.
Veículo: Valor Econômico