A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) aprovou 12 projetos de pesquisa para o Queijo Minas Artesanal (QMA). A chamada pública para o desenvolvimento dos estudos foi anunciada em agosto de 2017 e recebeu a inscrição de 45 projetos. Ao todo serão aplicados R$ 1 milhão no desenvolvimento das propostas aprovadas. A expectativa com os estudos é solucionar diversos gargalos enfrentados pelos produtores do QMA, garantindo, através da comprovação científica, a sanidade dos produtos e permitindo a comercialização, sem barreiras.
De acordo com a Fapemig, os 45 projetos inscritos foram avaliados pelas Câmaras de Assessoramento da Fundação e 12 pesquisas foram aprovadas. Entre eles estão demandas consideradas fundamentais, como estudos dos fungos presentes nos queijos e a caracterização de regiões ainda não consideradas produtoras do QMA, por exemplo.
Segundo o presidente da Fapemig, Evaldo Ferreira Vilela, as pesquisas são fundamentais para a produção do Queijo Minas Artesanal, principalmente pelo fato de o queijo ser produzido por pequenos produtores, que têm a atividade como principal fonte de renda.
“Criamos o edital após manifestação do governo estadual de que o queijo precisava ganhar espaço nacional. Hoje, o produto enfrenta uma série de restrições para entrar em outros estados, como São Paulo, por exemplo. O QMA é muito importante para o Estado porque é a fonte de renda para o pequeno pecuarista. Nossa ideia foi movimentar a academia e os setores das universidades que trabalham com produtos lácteos”, explicou.
Ainda segundo Vilela, as pesquisas abordarão temas importantes para o avanço da produção e as expectativas em relação são positivas. Uma das exigências para o financiamento dos estudos foi a descrição, no projeto, da forma como os resultados chegarão aos produtores.
“Vamos investir nas pesquisas que promovam melhorias. Muitas questões que serão pesquisadas já estão bem resolvidas no mundo e nós precisamos desenvolver uma tecnologia para adaptá-las à nossa realidade e que sejam acessíveis ao produtor. Esta chamada de R$ 1 milhão traz uma novidade, que é o pesquisador já indicar para qual grupo de produtores ele vai repassar a tecnologia gerada com os estudos, sejam elas voltadas para promover a melhoria da infraestrutura, a higienização ou tempo de maturação, por exemplo”, explicou Vilela.
A expectativa é que os recursos a serem aplicados nas pesquisas aprovadas sejam liberados no início do segundo semestre. A partir do pagamento, a expectativa é obter os primeiros resultados em 18 meses, quando os pesquisadores deverão apresentar um balanço da evolução dos estudos. Outro balanço será feito com 24 meses, e a conclusão, em 36 meses.
Temas - Dentre os temas a serem pesquisados estão os fatores de risco para a presença de patógenos em Queijos Minas Artesanais do Serro e Canastra e avaliação do tempo de maturação adequado para assegurar a inocuidade deste alimento. Também serão objetos de estudo a caracterização do Queijo Artesanal do território do Alto Suaçuí Grande; a caracterização da microbiota fúngica de Queijos Minas Artesanais da Região da Canastra; a caracterização físico-química e microbiológica de Queijo Artesanal de ovelha produzido em Itapecerica, Minas Gerais, em diferentes períodos de maturação, e, ainda, a elaboração e implementação de sistema de rastreabilidade e gestão da informação em queijos artesanais.
O representante da Fapemig ressaltou que a ideia é criar editais anuais voltados para as pesquisas sobre o Queijo Minas Artesanal. “As pesquisas são importantes para se comprovar cientificamente a qualidade dos queijos e a segurança alimentar. Pretendemos dar continuidade aos editais, porque a pesquisa é um dos caminhos para garantir a condição sanitária do queijo e, com isso, os produtores conseguem selos, certificações e vencem barreiras comerciais”.
Atualmente são reconhecidas sete regiões produtoras de Queijo Minas Artesanal em Minas Gerais: Araxá, Campo das Vertentes, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro e Triângulo Mineiro.
Fonte: Diário do Comércio de Minas