A indústria têxtil nacional, que enfrenta a forte concorrência com produtos importados, especialmente da China, há anos, comemorou o indeferimento, por parte do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex), da proposta da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) de reduzir de 35% para 20% a alíquota do Imposto de Importação para quatro grupos de produtos do vestuário.
“Lutamos para mostrar para a Gecex que o pleito da Abvtex, que é uma entidade que representa apenas um quinto do faturamento do setor, não tinha cabimento, ainda mais considerando o argumento de ineficiência de abastecimento da indústria nacional”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.
Os quatro grupos de produtos que estavam dentro do pleito da Abvtex eram: jaquetas e casacos masculinos de fibras sintéticas e artificiais; calças, bermudas e shorts masculinos de fibras sintéticas; suéteres e pulôveres de fibras sintéticas e artificiais; e jaquetas e casacos femininos de fibras sintéticas e artificiais.
O presidente da Abit lembrou que 85% do abastecimento nacional são feitos pela indústria brasileira e apenas 15% da demanda é atendida pelas importações. Além disso, a produção doméstica alcança 5 bilhões de peças de vestuário por ano. O setor emprega cerca de 1,5 milhão de trabalhadores diretos e, segundo a entidade, é o segmento que apresentou a menor variação de preços entre todos os setores pesquisados desde a criação do Plano Real. “Não podemos abrir espaço para países que concorrem deslealmente com o Brasil”, pontuou.
De acordo com Pimentel, apesar de, em 2016, as importações do setor terem caído 43% sobre 2015, em 2017, os desembarques cresceram 50% em relação a 2017. No acumulado até maio deste ano, as compras externas do segmento aumentaram 33% na comparação com os mesmos meses de 2017.
Concorrência justa - O representante da indústria têxtil nacional explicou que, nos últimos anos, muitas empresas que tinham planos de investimentos acabaram abandonando os aportes porque perderam mercado para produtos importados. “Não temos nada contra a importação, mas queremos que a concorrência seja justa e leal”, reforçou.
Por fim, Pimentel destacou que “o varejo precisa construir uma relação de confiança com os fornecedores do setor para que o atendimento da demanda aconteça de forma organizada e estruturada”.
Fonte: Diário do Comércio de Minas