Controle biológico é alternativa para cultura do feijão

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Ainda que o Brasil seja um grande consumidor de defensivos, mas atrás de países como Japão, Holanda, França e Alemanha, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Banco Mundial, há boas notícias para o consumidor. É o caso do cultivo do feijão.

Quem garante é o diretor técnico da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCBio), Robson Luz Costa. Segundo ele, as ferramentas biológicas são procuradas cada vez mais pelos produtores brasileiros, que estão verificando os bons resultados no campo.

 

No controle biológico, as pragas e outros transmissores de doenças são combatidos com a introdução de seus inimigos naturais, sejam fungos, vírus, bactérias, parasitoides ou insetos benéficos, conforme descrição da própria Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As pesquisas desenvolvidas por lá, por exemplo, já resultaram em produtos biológicos que não deixam resíduos nos alimentos e prometem ser inofensivos ao meio ambiente e à saúde humana.

 

“As ferramentas biológicas vieram para somar. O controle biológico é o que mais cresce no agronegócio, com um aumento de 25% a 30%, e não é por acaso. O produtor está avaliando os resultados. Na cultura do feijão, o controle biológico entrou no manejo do produtor”, avalia Costa. Ele é um dos palestrantes do Fórum Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais 2018, que será realizado de 15 a 17 de agosto em Curitiba (PR) e vai falar sobre o tema “Ferramentas biológicas para os pulses: uso e eficiência agronômica”.

 

Para Costa, quebrou-se o paradigma de que apenas o controle químico funciona na lavoura. “Hoje, há muito mais informação e muito mais integração do controle biológico com o controle químico. Cada vez mais, o controle está baseado no consórcio das ferramentas químicas, biológicas, culturais e comportamentais. O foco é buscar a sustentabilidade, no conjunto social, econômico e ambiental”, opina.

 

O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Murillo Lobo Junior (cuja área de pesquisa é fitopatologia), salienta que o controle biológico pode ser aplicado nas situações nas quais as ferramentas químicas têm atuação limitada, por exemplo. “O controle biológico ajuda a ocupar este nicho, além de ter outras vantagens, como diminuir em até 70% determinadas doenças do solo. Não as erradica, mas fica mais fácil para a atuação de outra ferramenta”, comenta. Lobo Junior também estará no fórum, em agosto, para ampliar essa discussão com a palestra “Oportunidades e desafios para o biocontrole de doenças na cultura do feijoeiro”.

 

O pesquisador lembra que a insistência em um único tipo de manejo contra pragas, muitas vezes, não resolve o problema do produtor e ainda pode agravá-lo, além de causar desgastes e “roubar” parte de sua rentabilidade. “Uma das limitações e um dos resultados é que o solo fica mais infestado”, cita.

 

Manejo correto - Lobo Junior lembra que o produtor possui uma série de práticas interessantes, que já estão estabelecidas no mercado, com uma grande variedade. “Atualmente, as pesquisas têm como foco novas regiões, ainda não exploradas nos estudos, ou doenças que não foram sanadas com as formas de controle existentes”, salienta o pesquisador, que em sua palestra no Fórum Brasileiro do Feijão vai apresentar resultados práticos e como os produtores podem ser beneficiados no manejo com as ferramentas de controle já consolidadas.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe), o plantio do feijão tem sido permanentemente monitorado por empresas públicas e ONGs, mostrando que não são identificados resíduos proibidos. “Ainda assim, sabemos que as pragas estão cada vez mais resistentes. Os custos crescentes impõem aos produtores o desafio de produzir mais sem lançar mão de defensivos proibidos. Daí a necessidade de colocar os produtores em dia com a transformação e evolução do controle biológico, que não utiliza agroquímicos. Esta técnica ganha espaço nas lavouras e, a cada dia, mais produtores de feijão querem entender como utilizá-la”, defende o presidente do Ibrafe, Marcelo Eduardo Lüders.

 

Fonte: Diário do Comércio de Minas

 

 

 


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