Carrefour e Ricoy batem o martelo e compram Gimenes

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A varejista francesa Carrefour e a central de compras paulista Ricoy Supermercados ofereceram ontem R$ 60 milhões pelas 22 unidades do Gimenes S.A., para dividir os ativos da rede de supermercados, caso seja aprovado o plano de recuperação judicial. A proposta, feita conjuntamente, foi aprovada pela maioria dos credores em assembleia realizada em Sertãozinho (SP) e prevê que o Carrefour fique com dez lojas e a Ricoy, com as outras 12 unidades do Gimenes, em 17 municípios do interior paulista.

 

"O Carrefour mantém sua confiança no País e também todos os investimentos anunciados para crescer de maneira sustentável", disse recentemente Jean-Marc Pueyo, diretor superintendente do Carrefour Brasil, que propôs pagar R$ 45 milhões a vista pelos ativos da Gimenes. Já a Ricoy investirá R$ 15 milhões, em 90 parcelas de aproximadamente R$ 166 mil cada. A respeito da divisão das unidades, o Carrefour ficará com os pontos-de-venda localizados em Matão (1), Ribeirão Preto (4), São Carlos (2), Jaboticabal (2) e Monte Alto (1), considerados os mais rentáveis, que faturaram em 2008 cerca de R$ 190 milhões.

 

Com o negócio, a Ricoy saltará de 59 para 71 unidades. O Carrefour possui mais de 770 unidades em operação no País, o que inclui supermercados, hipermercados, lojas de bairro, atacados, postos de gasolina e drogarias. A líder do setor supermercadista faturou no ano passado R$ 22,4 bilhões, com crescimento de 16,7% em relação a 2007.

 

Segundo o advogado Luiz Gilberto Bitar - que representou o Banco Safra, um dos credores do Gimenes - uma nova assembleia acontecerá dia 20, em Sertãozinho, para que o plano de recuperação judicial seja votado. O plano contemplará todos os detalhes da operação principalmente sobre o cronograma de pagamento dos credores. Caso seja aprovado, o plano segue para a Justiça ratificá-lo.

 

Novela

 

Alguns credores trataram a decisão como mais um capítulo na novela sobre o Gimenes, que no dia 19 de dezembro protocolou pedido de recuperação judicial, deferido pelo juiz da 3ª Vara Cível de Sertãozinho, Nemércio Rodrigues Marques. Antes, a rede administrada pelo fundo Governança & Gestão tentou negociar suas lojas com o concorrente Grupo Savegnago, também de Sertãozinho (SP). A dívida, estimada em R$ 75 milhões, impediu o acordo, e o Gimenes fechou seis supermercados, demitiu 313 funcionários e recorreu à Justiça.

 

Em 19 de fevereiro, a Ricoy ratificou a primeira proposta por todas as 22 unidades do Gimenes, totalizando R$ 80 milhões, pagos em oito anos. Depois dessa proposta, o Gimenes liquidou seus estoques, encerrou suas atividades e demitiu cerca de 1.700 funcionários. Mas a forma de pagamento do valor oferecido pela Ricoy e o fechamento das lojas desagradou aos credores. "Foi um absurdo o fechamento das unidades: se funcionassem, teriam muito mais valor comercial", disse uma fonte próxima das negociações que pediu para não ser identificada.

 

No último dia 5 de maio, na assembleia, o Carrefour fez proposta de R$ 55 milhões, a vista, por 22 unidades, ou R$ 46 milhões por 12 lojas da rede. As propostas dos dois grupos foram rejeitadas pelos credores em uma nova reunião, realizada na última sexta-feira (08) e ficou definida que outra proposta deveria ser apresentada ontem, o que ocorreu.

 

Estratégia

 

De acordo com o especialista em varejo Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer Desenvolvimento, a estratégia de aquisição do Carrefour é importante, pois será fortalecida sua presença no interior do Estado de São Paulo. "A Gimenes tem presença regional significativa e sempre brigou muito com a concorrente Savegnago; entretanto, esta rede se deu melhor na disputa", analisa. Ele acrescenta que o faturamento desses dez pontos não representa sequer 1% dos ganhos totais do Carrefour no País. "Isso não ajudará muito a rede a se distanciar do Grupo Pão de Açúcar e do Wal-Mart, mas é estratégico para a expansão com a bandeira do formato de vizinhança", afirma. A rede tem 39 lojas da bandeira Carrefour Bairro e outras 320 da bandeira DIA, formato voltado para as classes populares.

 

Franquia

 

Enquanto o movimento de aquisições volta à tona no varejo, a norte-americana Cold Stone Creamery, rede de franquias de sorvetes e sobremesas, procura um sócio no Brasil para abrir até 100 lojas a partir de 2010.

 

Veículo: DCI


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