A zona rural de Goiás fica horas e até dias a mais no escuro do que as maiores cidades do Estado. Por consequência, os produtores de leite estão entre os que mais sofrem perdas. Indústrias e comércios pequenos, que não possuem condições de investir em geradores de energia, também. São quilos e quilos de alimentos desperdiçados a cada dia a mais sem energia. Nas últimas semanas, houve registros de casos de até quatro dias seguidos sem luz no interior.
O coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Fernando Borges Fernandes, explica que comumente no período das chuvas o campo sofre com faltas constantes de energia. Mas compreende que anos seguidos sem investimentos é que impõe agora para a Enel Distribuição Goiás os maiores desafios. “Ficou o passivo e estamos acompanhando de perto. Há um canal de diálogo e ainda não conseguiram colocar em patamar aceitável”, pontua sobre o que é preocupação constante. Ele defende que há força de vontade da empresa que assumiu a companhia em fevereiro de 2017 e que o setor do agronegócio tem reunido os casos para tentar solucioná-los.
“Um ou outro tem condição de ter gerador e ainda assim muitas vezes não resolve.” O produtor de Jataí, Vitor Geraldo Gaiardo, afirma que o problema costuma ser mais grave no início das chuvas e onde o acesso é mais difícil é comum passar mais de um dia no escuro. De outro lado, acredita que o problema é uma herança da época da Celg D e diz ver boa vontade e trabalho da Enel na zona rural.
Mas ele destaca que há também desafios para ampliar a demanda por energia, o que exige alto investimento do produtor pela falta de condições de expansão que a empresa ainda enfrenta. O mesmo ocorre na indústria. Para ampliar produção ou abrir fábricas, ainda há dificuldade na oferta de energia.
A Enel Goiás diz que em 2017 existia uma restrição absoluta e isso diminuí com obras que começarão a ser entregues deste ano até 2023, quando então haverá condição estrutural para atender a demanda reprimida.
O presidente do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica do Estado, Wilson de Oliveira, diz que a baixa qualidade é também grande problema e o uso de geradores para a indústria encarece em alguns horários quando há queda de energia. “A gente sabe que estão investindo e que demora”, diz.
O presidente do conselho da Creme Mel, Antônio dos Santos, além de investir em geradores que dão conta das quedas, diz que a empresa ajuda os clientes. Para não desistirem dos sorvetes, banca 50% das perdas de comércios. “Ninguém está imune e o ressarcimento demora.”
Fonte: O Popular - GO