A Páscoa deste ano será um pouco mais "amarga". Os preços do chocolate e de outros ingredientes utilizados nos ovos estão até 20% maiores em relação ao mesmo período de 2018. Mesmo assim, tem gente esperando vender o dobro do ano passado.
A produção de ovos de Páscoa está na reta final em uma fábrica de Jundiaí (SP). Todos os funcionários estão empenhados para atender aos últimos pedidos. A receita é a mesma do ano passado, mas o valor será diferente. Para saborear um dos chocolates as pessoas terão que pagar pelo menos 5% a mais que no ano passado.
A Páscoa mais cara é reflexo do que os produtores já vivenciam dentro das fábricas. Muitos dizem que o preço de quase todos os produtos aumentou, inclusive do quilo do cacau.
Em outra empresa da cidade, que vai colocar cinco toneladas de chocolate no mercado, o dono investiu em planejamento para não repassar todo o valor para os consumidores e nem diminuir o tamanho do ovo.
Uma das alternativas foi não contratar mão-de-obra temporária para a folha de pagamento não aumentar. É aquele famoso "tira de um lado para suprir o outro" e driblar o aumento da matéria-prima do ovo de Páscoa.
"Nós contratamos algumas mãos-de-obra especializadas para que não tivesse que contratar muita mão-de-obra que não fosse especializada, então ele agrega várias outras coisas dentro da empresa e colocamos alguns produtos diferenciados", explica o diretor industrial Fábio Paes.
Esta é a quarta Páscoa do comerciante Jonas Cavalcanti. Ele conta que, em média, os custos para fazer as receitas com chocolate subiram cerca de 20% este ano. Para não repassar todo o aumento para os consumidores, ele triplicou a compra dos produtos para negociar com os fornecedores e conseguir um preço melhor, mas, mesmo assim, terá que arcar com parte do aumento.
"Eu aumentei a minha carga horária. A minha carga horária antes era de 10, 12 horas, agora ela passou para 14, 15 horas nesse período para que também não chegue aos nossos clientes esse aumento", comenta.
Segundo a Associação Paulista de Supermercados, cacau, leite, farinha e componentes químicos que formam os ovos de Páscoa sofreram impacto no preço por conta da variação do dólar.
A doceira Cibele Pereira faz chocolates em casa e o reajuste no preço dos produtos também pesou no bolso. Mas, apesar de ter que repassar parte do aumento para os consumidores, ela espera uma Páscoa melhor do que em 2018. A expectativa é vender pelo menos o dobro. Isso graças à boa receita e ao calendário, que ajudou este ano.
"Quando cai em meados de abril, o pessoal já conseguiu pagar IPVA, comprar o material da criançada de escola, então vai sobrar um pouquinho mais, vai poder gastar mais com o ovo de Páscoa", completa.
Fonte: G1