A abertura do centro de distribuição da varejista on-line americana Amazon no Brasil, em janeiro, tem sido vista pelo setor de comércio eletrônico como um divisor de águas. Fornecedores de softwares e sistemas eletrônicos para varejistas on e off-line preveem aumento nas vendas. O motivo: a certeza de que a competição vai crescer com a gigante americana entrando para valer no mercado brasileiro.
Na Locaweb, empresa paulistana que fatura R$ 400 milhões ao ano principalmente com a venda de serviços para hospedagem de sites, a grande aposta é vender sistemas de recomendação de produtos com base no histórico de navegação — uma das bases do negócio da Amazon.
O chamado All iN começou em 2006, com a recomendação de produtos por e-mail. Há cinco anos, foi comprado pela Locaweb. Hoje, os algoritmos da All iN permitem que grandes empresas, como Magazine Luiza, entendam as necessidade de um cliente a partir do histórico de navegação dele em seu site. Com a chegada da Amazon, a estratégia da Locaweb agora é crescer nas lojas virtuais de pequeno e médio portes.
— Só 10% do varejo digital no país têm ferramenta de recomendação de produtos — diz Victor Popper, fundador da All iN.
Mercado de R$ 128 bi
De 2013 para cá, a fatia das vendas on-line subiu de 3% para 7% do total, de acordo com a consultoria Euromonitor. Até 2023, o varejo na internet deve abocanhar mais de 11% das vendas, num mercado projetado em R$ 128 bilhões ao ano.
Na Totvs, empresa paulistana de venda de softwares de gestão, com receita anual de R$ 2,3 bilhões, desde o ano passado estão sendo testadas ideias para o chamado “varejo do futuro”. Entre elas, espelhos inteligentes para provadores, que servem como smartphones gigantes para informar ao cliente as opções de tamanho e cores uma determinada peça.
— Não é possível mais perder vendas porque o cliente não gostou de uma peça, não tem paciência de ir buscar outra nem intenção de sair seminu pela loja — diz Maurício Trezub, diretor de e-commerce da Totvs.
O negócio ainda está em testes na sede da Totvs, na Zona Norte da capital paulista. Outras soluções, como softwares para integrar sistemas de pequenos lojistas ao site da Amazon no Brasil, fizeram dessa unidade de negócios uma das apostas da empresa para os próximos anos, diz Trezub.
Alguns fornecedores de tecnologia preveem maior competição no varejo em geral, não apenas no on-line. A Sensedia, de Campinas, trabalha para garantir que os sistemas eletrônicos de uma empresa não entrem em pane ao interagir entre si ou com os softwares de terceiros. Ela conecta pequenos lojistas do mundo real aos shoppings centers virtuais —os chamados marketplaces .
Agora, a Sensedia recorre à tecnologia para facilitar a vida de lojistas e consumidores. Um exemplo: desde 2017, ela conecta os sistemas de vendas, estoques e entregas da rede de farmácias Panvel, com mais de 600 lojas nos estados do Sul e na capital paulista. O consumidor escolhe como será a entrega: se em casa, em uma loja ou em um dos lockers da rede, esquema semelhante ao usado pela Amazon oferece nos EUA.
— A integração dos sistemas permitiu à Panvel anunciar entregas em até uma hora em 60 cidades ao redor de Porto Alegre — diz Marcílio Oliveira, da Sensedia.
Fonte: O Globo - Rio de Janeiro