A fim de atender um nicho de consumidores por vezes desassistidos, redes de alimentação pretendem ampliar a atuação em regiões periféricas dos grandes centros urbanos. A alta procura por serviços de delivery e menor concorrência são alguns dos elementos que tornar o movimento atrativo.
“As regiões de periferia, de um modo geral, registram um desempenho muito promissor, tornando-se um alvo dentro do nosso movimento de expansão de unidades. Além disso, as vendas de delivery desses locais muitas vezes são superiores às regiões com maior poder aquisitivo”, argumentou o diretor geral do Bob’s, Antonio Detsi.
De acordo com o executivo, o tamanho dessas operações em regiões de menor poder aquisitivo também tende a variar. “Normalmente, analisamos cada local de forma individualizada. Com base nas demandas desses consumidores, podemos implementar, por exemplo, um drive thru naquela operação”, afirmou o executivo, destacando que o grupo deve terminar o ano com 1280 unidades – o equivalente a um incremento entre 8% a 10%.
Além disso, o empresário conta que a rede tem realizado investimentos em tecnologia para agilizar o atendimento nas novas praças com implementação de totens de autoatendimento e sistema de retirada por meio das compras no aplicativo.
Nessa mesma perspectiva, outro exemplo de negócio voltado para o foodservice é a rede de hamburgueria Tico’s Burger. “O que costuma de diferenciar nessas regiões é o custo da operação. Atualmente, o delivery é responsável por 20% do nosso faturamento .Em regiões de periferia esse percentual tem maior potencial de crescimento do que em outros locais”, afirmou o CEO da rede, Tiago Stábile.
Para o empresário, essa demanda é o que tem impulsionado, em parte, o movimento de expansão da rede na cidade de São Paulo. “Atualmente, temos 19 unidades em funcionamento, mas nosso plano é terminar 2019 com 30 operações. Parte dessas aberturas ocorrerá na Região da Grande São Paulo, onde muitas empresas não oferecem serviços de delivery”, disse Stábile, destacando que a receita da rede deve somar R$ 20 milhões este ano.
Já para a diretora da consultoria em foodservice GS&Libbra, Cristina Souza, a popularização dos serviços de delivery nas regiões de periferia pode ser explicada pelo fato de o consumidor não ter a necessidade de pagar 10% pelo serviço e dividir um único prato com outras pessoas. “Além disso, esses negócios tem acompanhado o movimento de expansão de shopping centers em locais de menor poder aquisitivo”, afirmou Cristina.
Segundo a especialista, muitas redes enxergam a construção de shoppings nessas regiões como locais para o atendimento dessa população, tanto do ponto de vista de entregas como nos serviços de salão. “As classes C e D têm desfrutado mais dos produtos e serviços dessas empresas nos últimos anos. Um exemplo disso é o Shopping West Plaza, que tem redes como Outback”, complementou Cristina.
Outro exemplo de rede alimentícia que aposta nas demandas de regiões periféricas é a Light Food Way. “Existe um paradigma de que comida saudável muitas vezes tem um preço muito alto. Porém, nossa rede vem justamente com a proposta de desconstruir essa percepção dentro do mercado de alimentação”, argumentou a fundadora da empresa alimentícia, Karla Nadir, destacando que o preço dos pratos começam a partir de R$ 15,90.
De acordo com a executiva, o custo benefício em termos de entregas dos pratos prontos nessas regiões torna-se maior em relação às outras localidades, uma vez que a fidelização é mais viável com o delivery. “Atendemos regiões completamente diferentes em termos de poder aquisitivo: Alphaville, Jabaquara, Tatuapé e São Bernardo. Com isso, vemos a necessidade de lançar um aplicativo próprio para realizar essas entregas, uma vez que a possibilidade de fidelização torna-se mais viável por meio de uma plataforma própria”, declarou Karla, que atualmente trabalha com aplicativos de entrega terceirizados.
Fonte: DCI