Ao retomar a confiança na manutenção do crescimento do setor, o mineiro Supermercado Bretas, quinta maior rede do País, depois de Carrefour, Pão de Açúcar, Wal-Mart e GBarbosa, e cujo faturamento foi de R$ 1,8 bilhão ano passado, subindo duas posições no ranking, resolveu tirar da gaveta este mês o plano de expansão, suspenso devido às incertezas do mercado, e o acesso a crédito via o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para atingir a meta de elevar em 17% os ganhos este ano, totalizando R$ 2,1 bilhões, e preservar o capital de giro, a empresa recorreu ao banco de fomento para financiar parte da empreitada.
Os investimentos da companhia - comandada por um time de 12 irmãos detentores de participação igualitária no capital - são a construção de uma loja na cidade de Sete Lagoas (MG) e a reforma de outra em Goiânia (GO). Anteriormente, o orçamento para o ano atingia R$ 120 milhões, sendo 60% deste valor custeados pelo BNDES, mas, segundo Estevam Duarte de Assis, presidente do Bretas, houve algumas alterações, mantidas em sigilo. "Vamos evitar contrair dívidas a curto prazo, por isso esse financiamento é o ideal", afirma Assis.
Dona de 52 lojas no interior de Minas Gerais e Goiás, a rede abrirá mais quatro este ano, e tem potencial para oito. O executivo relata que um dos entraves é a demora do licenciamento ambiental pelas prefeituras. "O interior continuará a ser prioridade, pois essa estratégia continua dando certo." Um motivo que pode reforçar esta ação é o aumento de empregos no interior frente às regiões metropolitanas, principalmente na região centro-sul, apontam dados do Ministério do Trabalho.
Nos próximos dois anos, a maior rede familiar em funcionamento no País chegará ao mercado baiano, evidentemente, pelo interior. Sem detalhar muito, o mais velho dos 12 irmãos à frente do negócio diz que a escolha é para aproveitar a verba publicitária, pois as emissoras com quem a empresa mantém contrato têm sinal na região. "Temos 14 terrenos que asseguram nossa expansão nos próximos anos", garante.
Participação
Estevam Assis enfatiza que a valorização do funcionário é o diferencial do Bretas e combustível de seu crescimento. Tal filosofia levou a cúpula da varejista a vender 2% de suas ações a 40 colaboradores antigos. "O valor será pago em dez anos, e depois desse período eles terão direito a participação na receita. Queremos ter mais sócios e menos empregados", diz. Ainda é estudada a ampliação deste método no futuro.
Para perpetuar a gestão do negócio com a família no comando, alguns sobrinhos são treinados dentro das práticas da empresa. Assis enfatiza também que está em formação um grupo de 70 gerentes para ocupar futuros postos no Bretas. No estado, a rede está à frente das concorrentes regionais DMA Distribuidora (EPA, Mart Plus e Via Brasil) e Supermercados BH, na 8ª e 20ª posições, respectivamente. Missionário cristão, Assis se envolve em projetos sociais de recuperação de dependentes químicos. Depois de sua aposentadoria, ele renunciou a seu salário e participação nos lucros do Bretas e os destinou a esses projetos. Além disso, com a esposa, dá cerca de cem palestras anuais a grupos de jovens e a casais em diversos países.
Veículo: DCI