O Conselho Nacional do Café (CNC), que congrega as maiores cooperativas e associações de cafeicultores do Brasil, avalia que os agricultores do país têm condições de superar “em breve” o momento de preços baixos no mercado internacional, uma conjuntura que tem gerado alguns protestos do setor.
Segundo carta assinada pelo presidente do CNC, Silas Brasileiro, o segmento conseguirá superar essa fase, na qual os preços internacionais estão próximos dos menores níveis em mais de 13 anos, pois os cafeicultores do país são competitivos e trabalharam nos últimos anos para baixar seus custos de produção.
Aliás, o dirigente do CNC ressaltou que logo haverá um “equilíbrio entre oferta e demanda devido à baixa safra de 2019, ao comprometimento na produção de 2020, em razão dos baixos tratos culturais e da condição climática adversa”, o que poderia melhorar o cenário de mercado para os produtores.
Segundo ele, com investimentos menores agora, a próxima colheita do maior produtor e exportador global de café “se enquadrará dentro da média que temos produzido”. Brasileiro ainda lembrou que estoques do país estão relativamente baixos. Ele não citou estimativas.
“O momento atual é de uma crise aguda a nível mundial, pois os preços aviltados nos levam, às vezes, a tomar medidas imediatistas que, ao invés de beneficiar os nossos produtores, podem beneficiar os demais países que produzem café, isto em razão de não terem uma política cafeeira como temos no Brasil”, afirmou Brasileiro, sem fazer qualquer citação específica.
Há alguns movimentos do setor que apoiam proposta da Colômbia de estabelecimento de um preço mínimo mundial de exportação de café. Uma outra associação de cafeicultores do Brasil, a Sincal, defende que o país e outras nações discutam o tema e sugeriu a criação de uma Organização dos Países Produtores de Café (Ocafé) para lidar com a crise.
A carta do CNC foi escrita após produtores realizarem alguns protestos no início da semana em Cabo Verde (MG), contra os “preços baixos” do café, conforme relatos na imprensa local.
Para o CNC, contudo, os produtores brasileiros são “sustentáveis”, têm qualidade e, “embora os preços no momento não sejam remuneradores, podemos antever que permaneceremos no mercado”.
Ainda que os preços globais estejam em torno de 96 centavos de dólar, perto de mínimas de mais de uma década de 88 centavos, registradas em maio na bolsa de Nova York, no mercado interno a cotação consegue alguma sustentação nos momentos de alta do dólar, quando os produtores aproveitam para negociar lotes.
Além disso, ressaltou Brasileiro, “os investimentos em pesquisa nos últimos 20 anos, de aproximadamente 200 milhões de reais, prepararam os produtores brasileiros, que são muito competentes, para momentos como este, de crise de preços, que estamos passando”.
Ele comentou que o Brasil vive um momento de “inflação baixa e disponibilidade de recursos, o que nos torna extremamente competitivos”.
O dirigente da associação ainda destacou que “em breve” o mercado responderá e o Brasil sairá fortalecido “da crise hoje vivenciada, visto que somos um país que tem política para o café”. Ele lembrou que os cafeicultores do Brasil contam com 6 bilhões de reais para financiamentos, dentro da política do governo de apoio ao setor.
Fonte: Reuters