Apesar de registrar queda de 10% no faturamento no primeiro quadrimestre, a Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), detentora da marca Itambé, investirá R$ 60 milhões em 2009. Entre os aportes da empresa estão a implantação de uma nova unidade de processamento de leite longa vida em São Paulo e a ampliação da unidade de Pará de Minas, na região Central de Minas Gerais.
A escolha por São Paulo foi atribuída ao regime tributário especial do governo paulista para o leite, que possui alíquota zero do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o produto comercializado dentro do Estado. Caso o produto fosse fabricado em Minas, a alíquota incidente seria de 18%, para comercialização fora do Estado.
De acordo com o presidente da Itambé, Jacques Gontijo Álvares, a empresa ainda estuda o local em que o empreendimento será instalado em São Paulo. "Deverá ser no município de Browdóski em virtude da proximidade com Ribeirão Preto", disse. A planta deverá entrar em funcionamento entre o final deste ano e o início de 2010. Os investimentos estimados são de R$ 20 milhões.
Conforme ele, outro motivo para o investimento no estado vizinho é a entrada da Cooperativa Nacional Agroindustrial (Coonai), com sede em Ribeirão Preto, no sistema de cooperativas da Itambé. A produção deverá ser destinada para atender ao mercado de São Paulo.
Longa vida - Uma das apostas da Itambé, conforme o presidente da empresa, será no processamento de leite longa vida. Segundo ele, o mercado interno não foi impactado pela crise financeira e continua a crescer cerca de 4% ao ano.
Para aumentar a produção de leite longa vida serão investidos aproximadamente R$ 20 milhões na unidade de Pará de Minas. O processamento passará de 200 mil litros/dia para 300 mil litros diários. Os aportes também serão direcionados para a ampliação da linha de iogurtes que deverá atingir 6 mil litros/dia.
De acordo com Álvares, os investimentos na região Central deverão ser finalizados em outubro. Com as inversões, deverão ser gerados cerca de 300 postos de trabalho pela empresa.
A Itambé também investiu R$ 20 milhões na troca das caldeiras de suas cinco unidades em Minas Gerais e Goiás. Os equipamentos que utilizavam óleo combustível passaram a operar a partir da lenha de eucalipto. A indústria também investirá em tecnologia da informação e treinamento gerencial.
Segundo Álvares, um dos próximos investimento que deverá ser anunciado pela Itambé será na região sul do país. Conforme ele, a produção, principalmente no sudoeste do Paraná, vem crescendo de forma significativa. "Já mantemos o contato com algumas cooperativas na região", disse.
Mesmo com as projeções de ampliar o mercado, a Itambé registrou queda de 10% no faturamento no primeiro quadrimestre, ante o mesmo período do ano passado. A receita da empresa no acumulado de janeiro a abril foi de R$ 600 milhões.
Conforme o presidente da Itambé, o resultado é atribuído à queda nas exportações no período. Um dos principais destinos dos produtos da indústria era a Venezuela, que segundo ele, não realizou compras no primeiro quadrimestre.
No primeiro quadrimestre as exportações responderam por 6% da receita da Itambé. Para se ter uma ideia, os embarques de leite em pó, leite condensado e leite evaporado responderam por 20% do faturamento em 2008. O lucro líqüido da empresa foi de R$ 20 milhões, sendo o mesmo patamar do ano passado.
O volume de vendas da Itambé sofreu retração de 3% na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 400 milhões de litros. Para Álvares, os resultados em 2009 deverão ficar no mesmo patamar registrado no exercício passado em virtude da comercialização no mercado interno, que cresceu 17% entre janeiro e abril.
Veículo: Diário do Comércio - MG