A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que representa o setor de meios eletrônicos de pagamento, aponta que os brasileiros realizaram R$ 1,84 trilhão em compras com cartões de crédito, débito e pré-pagos em 2019, o que representou um crescimento de 18,7% em relação a 2018.
Somente as transações com cartões de crédito registraram, pela primeira vez, um volume acima de R$ 1 trilhão, chegando a R$ 1,16 trilhão, com alta de 19,8%. Já os cartões de débito somaram R$ 664,4 bilhões (aumento de 15,5%) e os cartões pré-pagos, R$ 22 bilhões (avanço de 73,6%).
Com o resultado, os pagamentos digitais elevaram para 43% sua participação no consumo das famílias brasileiras no 4° trimestre de 2019, ante 38% no mesmo período de 2018. Da mesma forma, cresceu de 24,8% em 2018 para 28% em 2019 a representatividade do setor em relação ao PIB (Produto Interno Bruto).
Pagamentos por aproximação – O levantamento da Abecs passou a acompanhar o volume de compras feitas por meio da tecnologia de aproximação NFC (Near Field Communication), em que o consumidor apenas aproxima seu dispositivo (cartão, celular, relógio e pulseira, entre outros) da máquina de cartão para realizar pagamentos.
Em 2019, a modalidade cresceu 565%, movimentando um total de R$ 6 bilhões, embalada pela adoção da tecnologia nos sistemas de transporte público de grandes cidades do País e uma maior adesão por parte dos usuários no comércio em geral.
Os pagamentos realizados a distância, principalmente via e-commerce, plataformas digitais e aplicativos, já representam 28% das transações com cartões de crédito no Brasil – em 2018, a fatia era de 20,5%. O valor movimentado foi de R$ 323,5 bilhões, com crescimento de 31% em comparação com o ano anterior.
Desafios 2020 – A crise gerada pela propagação do novo coronavírus tem impactado diretamente diversos segmentos da economia nas últimas semanas, principalmente os setores de comércio e serviços, o que consequentemente afeta o volume transacionado pelos pagamentos eletrônicos.
Dado o atual cenário, ainda é cedo para realizar a projeção dos resultados totais do setor de cartões em 2020, uma vez que ainda não se sabe a duração e o real impacto da crise na economia.
No entanto, a Abecs considera positivas as medidas já anunciadas pelo governo federal no sentido de subsidiar auxílio financeiro a trabalhadores e microempreendedores, bem como a pequenas e médias empresas por meio de novas linhas de crédito. Tais iniciativas, somadas a outras que eventualmente venham a ser anunciadas, certamente contribuirão para a retomada do setor e da economia nos próximos meses.
O setor de cartões tem participado de diversas iniciativas para amenizar os impactos da crise entre usuários e estabelecimentos comerciais. Uma delas é a proposta da Abecs levada à equipe econômica do governo federal de dar acesso a uma linha de financiamento por meio das credenciadoras, responsáveis pelas redes de máquinas de cartão, o que aumentará a disponibilização de crédito para autônomos, microempreendedores e pequenas empresas impactadas pela crise.
Tanto as credenciadoras quanto os emissores de cartão têm, individualmente, anunciado medidas e disponibilizado alternativas para ajudar os clientes a superarem este período com menos insegurança financeira, como planos de parcelamento, aumento de limite de crédito, prorrogação de prazo de pagamento, descontos e disponibilização de serviços gratuitos, entre outras.
Além disso, os pagamentos digitais, de forma geral, têm ajudado a sociedade neste cenário de prevenção e distanciamento social. Os meios eletrônicos diminuem o risco de contágio, principalmente a modalidade de pagamento por aproximação, e permitem que, em certa medida, pessoas e empresas possam manter seu consumo e seus negócios à distância, por meio do e-commerce e compras por aplicativos – uma prática cada vez mais incorporada pelo brasileiro dado o momento atual.
Fonte: Diário do Comércio